Por Wagner Melo
Ao ouvir as declarações de certo candidato à Presidência da República, cujo nome não faz bem pronunciar ou escrever, a impressão que fica é que o grande vilão brasileiro é o trabalhador. Ele ataca, sem dó nem piedade, conquistas e avanços nas relações e direitos trabalhistas e um exército de robôs (virtuais e reais), tais como dinossauros que votam no meteoro, o aplaudem. É uma demonstração de falta de amor próprio e consciência de classe sem precedentes.
O último ataque foi ao Ministério Público do Trabalho. “Um país que tem um Ministério Público do Trabalho atrapalhando não tem como ir para frente”, citou a criatura, ao ouvir, durante campanha no interior de São Paulo, um piscicultor que se queixou de impostos, do preço da energia e licenciamento ambiental. Vale frisar que nenhum dos itens citados é atribuição do MPT.
Foi um ataque gratuito a um órgão que combate o trabalho escravo, por exemplo. Aliás, o dito cujo tinha visitado um hospital construído com recursos de uma multa aplicada a uma distribuidora de combustíveis que expunha seus trabalhadores a produtos cancerígenos.
Os liberalóides piram, pois acham que o interesse econômico está acima de tudo, mas não é bem assim, não. A resposta do Ministério Público do Trabalho foi certeira, elegante e saborosamente ácida.
“É inadmissível que a atuação social eficaz do MPT seja alvo de ataque por um político descrente do projeto constitucional democrático, que se encontra no exercício de mandato parlamentar há quase 30 anos na Câmara dos Deputados”, alfineta o texto assinado, pelo procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, e pelo vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Helder Santos Amorim.
Mais adiante, esclarece a atuação do Ministério Público do Trabalho e como as conquistas que ele representa não podem ser perdidas.
“O Ministério Público do Trabalho dedicou sua atuação à promoção de melhores condições de trabalho, com respeito igualitário à participação de mulheres, negros, homossexuais, pessoas com deficiência e outras minorias no mercado de trabalho; atuou pela erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil, com vistas à superação do triste histórico brasileiro de desigualdade social; defendeu o regime de emprego e a negociação coletiva como instrumentos de proteção social e zelou pela prevenção de acidentes e adoecimentos no ambiente de trabalho, devotando sua atuação aos mais elevados ideais humanitários e democráticos que inspiraram a Constituinte de 1988”.
A Besta já declarou mais de uma vez que se deve trocar direitos por emprego. É preocupante ver esse tipo de discurso sendo aplaudido por quem pode ser vítima de tudo o que o MPT tem combatido ao longo dos anos.