A saúde mental dos brasileiros já não vai tão bem e, daqui a alguns uns dias, quando as filas nos locais de regularização da posse de armas liberadas pelo decreto presidencial dobrarem as esquinas, vai ser um Deus nos acuda. As consequências não foram medidas, mas isso, para o Governo é o de menos.
Hoje mesmo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que os riscos de manter uma arma em casa sãos os mesmos de manter um liquidificador. Enfim, o que importa é cumprir a promessa de campanha durante a qual, o próprio Bolsonaro simulava o uso de armas, um gestual “bang bang” repetido, inocentemente, pelas crianças filhas de seus eleitores.
Por ironia do destino (ou não), o libera, quase que geral, da posse de armas acontece justamente em meio ao Janeiro Branco, neste mês em que psicólogos, psiquiatras e profissionais de diferentes áreas da saúde chamam a atenção da sociedade para o aumento das taxas de suicídio, depressão e ansiedade, não só no Brasil, mas, em todo o mundo.
Para o psicólogo alagoano Carlos Gonçalves, os riscos da liberação da posse de armas superam, em muito os benefícios. “Além dos acidentes fatais, envolvendo crianças , ter uma arma em casa é mais um facilitador para o aumento de casos suicídio e feminicídio. Seria mais apropriado investir em ações de promoção de saúde mental, que armar a população”, opina.
Ele lembra que a campanha Janeiro Branco não foi criada por acaso. “A campanha vem sendo encampada por serviços públicos e privados de saúde, uma vez que deixar de cuidar da saúde mental pode resultar em agressividade, isolamento e indiferença. Na contramão dessa importante campanha,a autorização para liberação da posse de arma, pode trazer consequências fatais para esta e as futuras gerações”, alerta Gonçalves.
Por falar em futuro, o Brasil vinha desenvolvendo, desde 2001, uma série de campanhas de desarmamento infantil e chegou até a ser premiado, em 2004, pela Unesco, na categoria Direitos Humanos e Cultura da Paz. Na época, a Unesco considerou a campanha uma das melhores estratégias de promoção da paz já desenvolvidas na história do Brasil. Uma campanha que estimulava a saúde mental dos pequenos,
Agora, os tempos são outros. É aguardar se vai haver também a extinção do 15 de Abril, Dia Nacional de Desarmamento Infantil, via canetada presidencial. Nunca se sabe o que vai sair das cabeças de Bolsonaro e sua turma.