26 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Primeira-ministra da Finlândia quer trabalhadores em jornadas de 6 horas, sem redução salarial

Enquanto o governo brasileiro propõe salário por hora trabalhada, Sanna Marin acredita que redução de jornada aumentaria a produtividade

Reuters

A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, pediu o corte da atual jornada de trabalho de oito horas em seu discurso para o Partido Social Democrata na segunda-feira, argumentando que menos horas de trabalho poderiam ser compensadas pelo aumento da produtividade.

Marin, que lançou a ideia de uma jornada de seis horas antes de se tornar primeira-ministra, precisaria convencer os outros quatro partidos de sua coalizão a promover uma redução na jornada de trabalho em meio ao aumento do desemprego devido ao COVID-19.

“Precisamos criar uma visão clara e medidas concretas de como a Finlândia pode avançar no sentido de reduzir as horas de trabalho e os funcionários finlandeses rumo a uma vida profissional melhor”. Sanna Marin.

Os membros de seu partido, o Social Democratas, a elegeram neste domingo.

Com apenas 34 anos, Marin, é uma das primeiros-ministros mais jovens do mundo e lidera o governo de centro-esquerda da Finlândia desde dezembro de 2019, depois que um aliado da coalizão forçou seu antecessor Antti Rinne a renunciar.

Junto com Rinne, que continuou a presidir o partido até domingo, Marin dirigiu o governo para a esquerda, aumentando as pensões e cancelando alguns dos cortes de gastos do governo anterior.

Na manhã de segunda-feira, a conferência de seu partido rejeitou a proposta de experimentar uma jornada de trabalho de seis horas, adotando, em vez disso, o objetivo de reduzir as horas ou introduzir mais flexibilidade na vida profissional.

Marin disse que jornadas de trabalho mais curtas podem ser possíveis com o aumento da produtividade e não estão em conflito com finanças públicas fortes ou com a meta do governo de elevar a taxa de emprego da Finlândia dos atuais 73,7% para pelo menos 75%.

“A riqueza gerada pelo aumento da produtividade do trabalho deve ser dividida não apenas entre proprietários e investidores, mas também entre os empregados comuns”. Sanna Marin.

A jornada de 8 horas foi uma reivindicação histórica, e cunhada pela primeira vez em 1817, por um dos fundadores do socialismo, Robert Owen. Seu lema para jornada era “oito horas de trabalho, oito horas para viver e oito horas de descanso”.

Brasil

Enquanto isso, no Brasil, o projeto do governo para afrouxar regras de contratação de trabalhadores prevê que até metade dos empregados de empresas privadas sejam pagos por hora trabalhada, em vez de salário mensal.

Essa modalidade de contratação deve ser a base da proposta da carteira verde e amarela. O governo diz que o objetivo é incentivar a criação de empregos. O projeto que deve ser enviado ao Congresso prevê uma implantação gradual:

  • No primeiro ano, as empresas poderiam ter 10% dos empregados contratados pelo regime de pagamento por hora trabalhada.
  • No segundo ano, 20% e, no terceiro, 30%.
  • Empresas de saneamento seriam exceção e já começariam com 50% no primeiro ano.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer criar um regime de trabalho mais flexível. Com isso, o governo deve enviar ao Congresso Nacional uma proposta para criar o regime de contratação por hora trabalhada.

Na prática, será definido um valor básico por hora trabalhada, com base no salário mínimo. Hoje já existe o trabalho intermitente, pago por hora. Mas no regime intermitente não é possível que o contrato seja contínuo e sem intervalos.

Ainda não está definido se haverá um limite de jornada de quem for contrato por hora trabalhada. O regime de horas extras nos demais contratos de trabalho permanece inalterado.