Em entrevista ao UOL, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) lembro que apesar de ser alvo de 14 inquéritos policiais e absolvido de outros nove processos criminais e cíveis nos últimos anos, ele diz que tem sua vida financeira aberta. E afirma: “Não tenho um centavo que não seja declarado”.
Renan disse que sempre demonstrou ser inocente das acusações, apesar dos “excessos”. “Eu sempre defendi a investigação. A investigação é um avanço civilizatório. O problema é excesso, é abuso. Não pode haver contra ninguém.”
Em dezembro, o senador lamentou o surto de ódio “e denúncias sem provas” e condenou o que chamou de “generalizações perigosas” do Procurador da República, Deltan Dallagnol, diante da cruzada do representante do Ministério Público contra a classe política. Este, que é alvo de Calheiros no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Se Renan for presidente do Senado, dificilmente veremos reforma contra corrupção aprovada. Tem contra si várias investigações por corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos senadores podem votar nele escondido, mas não terão coragem de votar na luz do dia. https://t.co/VbDs3Z7weB
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) 9 de janeiro de 2019
O Coordenador da Operação Lava jato do Paraná, Dallagnol, foi acusado de “fazer política”. Dallagnol e outros procuradores que ganharam projeção na Lava Jato têm promovido um abaixo-assinado para que as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, no início de fevereiro, sejam abertas.
Deltan Dallagnol @deltanmd continua a proferir palavras débeis, vazias, a julgar sem isenção e com interesse político, como um ser possuído.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) 15 de janeiro de 2019
As eleições, como decidido pelo STF, serão com voto secreto e beneficiam a vitória de Renan na Casa, apesar da disputa interna contra com Simone Tebet (MS), também do MDB. Não só isso, como ele afirma que “ainda” não é candidato. A definição será feita pela bancada de 13 senadores, todos presidenciáveis.
Um destes seria o outro senador por Alagoas, Fernando Collor (PROS). Enquanto Calheiros é considerado um dos favoritos, Collor corre por fora e com apoio de Bolsonaro. O superministro da Economia, Paulo Guedes, por outro lado, prefere o emedebista.
Voto secreto
Em 9 de janeiro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, decidiu que a votação para a eleição da nova Mesa Diretora do Senado, prevista para 1º de fevereiro.
A decisão foi tomada pelo ministro em função do período de recesso no Judiciário. A decisão de Toffoli vale até o dia 7 de fevereiro, quando o plenário do STF deverá decidir se referenda sua liminar.
Na decisão, o presidente aceitou o recurso protocolado pelo SD e MDB, além da advocacia do Senado, para derrubar a decisão proferida pelo ministro Marco Aurélio, que, no dia 19 de dezembro, antes do início do recesso, aceitou um mandado de segurança do senador Lasier Martins (PSD-RS) para determinar que a votação seja feita de forma aberta.
A votação secreta está prevista no Regimento Interno do Senado, no entanto, Marco Aurélio entendeu que a regra é inconstitucional. “O princípio da publicidade das deliberações do Senado é a regra, correndo as exceções à conta de situações excepcionais, taxativamente especificadas no texto constitucional”, escreveu o ministro.
Ao derrubar a decisão de Marco Aurélio, Toffoli entendeu que regra prevista no regimento interno da Casa, que determina a votação secreta, deve prevalecer.