28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Véspera: Bolsonaro promete “combater lixo marxista” das escolas

Com apoio dos evangélicos, presidente eleito foi um dos líderes de movimento contra a discussão de gênero nas escolas

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), criticou o que chamou de “lixo marxista” nas escolas brasileiras. Esta seria uma de suas metas de governo para melhorar a educação e  o desempenho do Brasil em rankings mundiais da área.

Com apoio dos evangélicos, Bolsonaro foi um dos líderes de movimento contra a discussão de gênero nas escolas. No governo Dilma Rousseff, ele denunciou a entrega para alunos do que, segundo ele, seria um kit em que se ensina a ser homossexual e de um livro sobre sexo para crianças.

Após idas e vindas, o presidente eleito anunciou  que o futuro ministro da Educação será o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, filósofo e professor emérito da Escola de Comando e estado-maior do Exército.

Ele foi anunciado por Bolsonaro no final de novembro com o apoio do escritor Olavo de Carvalho e dos filhos do eleito. Vélez é a favor do movimento Escola Sem Partido, menos “ideologização” nas provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e da instalação de conselhos de ética em instituições de ensino.

Em seu perfil no Facebook, onde se refere a petistas como “mortadelas”, Vélez Rodríguez já afirmou que é necessário na educação “que se limpe todo o entulho marxista que tomou conta das propostas educacionais de não poucos funcionários alojados no Ministério da Educação. Isso para início de conversa”.

O escolhido para comandar a Educação demostra concordar com a proposta de Jair Bolsonaro de criar mais colégios militares e exaltá-los pela disciplina imposta aos alunos.

“Os Institutos Militares são excelentes lugares de ensino. Concordo. Mas não é, exatamente, questão de dinheiro. Eles são excelentes porque há patriotismo e porque neles se faz o que de muito tempo não se faz em não poucas instituições públicas de ensino: há estudo, disciplina, valorização dos docentes e amor pelo Brasil”, escreveu.

Escola sem Partido

O presidente da comissão especial do Escola sem Partido, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou o trabalho da comissão sem conseguir votar o projeto de lei (PL). Com isso, o PL é arquivado e deve retornar à pauta apenas na próxima legislatura. No discurso final, o deputado criticou os parlamentares favoráveis ao projeto, que segundo ele, não têm comparecido às sessões.

O deputado disse que foi procurado por deputados eleitos que pediram que o debate fosse adiado para o próximo ano para que eles pudessem participar. “A próxima legislatura terá uma nova comissão, novo presidente, novo relator, novos componentes. Eu recebi apelo de muitos parlamentares novos para participar dessa comissão”.

Segundo o presidente da comissão, a tendência no ano que vem é que o projeto seja endurecido e que haja previsão de punição para os professores, o que não estava previsto no texto que seria votado pela comissão. Apesar de não ter conseguido votar o PL, o presidente da comissão considera que o debate foi levado para a sociedade e que isso é uma “grande vitória.

A lei, de autoria do deputado estadual Ricardo Nezinho (MDB), aprovada em novembro de 2015 (ALE), veda, em todo o Estado, a prática de doutrinação política e ideológica que imponham ou induzam aos alunos opiniões político-partidárias, religiosas ou filosóficas.

Em outro trecho, a norma estipula que “ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa, com a mesma profundidade e seriedade, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas das várias concorrentes a respeito, concordando ou não com elas”.

Até mesmo o filósofo de direita, e seguido por Bolsonaro, Olavo de Carvalho, é contra a lei, uma das precursoras do Escola Sem Partido. Ele avisou, que caso o movimento continue com os mesmos métodos, não só vai ficar contra, como irá denunciar. “Vocês estão querendo mudar o país pela sua incultura. Vocês não tem meu apoio”, enfatizou.