30 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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A alucinação do Considerado com caçamba de lixo e lamborghini

O Considerado chegou na casa da vó todo molhado, tênis cor de abóbora na mão e bastante irritado. Tinha acabado de sair da praia da avenida, onde uma caçamba coletora de lixo foi vista mergulhando nas ondas.

A cena chamou a atenção dele. O cara ficou fissurado com o que viu e passou a ter alucinações. De repente, na visão dele, o veículo pesado se transformou em um mimo. Algo como um carro de luxo brilhando entre as águas.

Ficou com pena do que estava vendo e resolveu enfrentar as ondas para tirar o belo carro de dentro do mar. Chamou um monte de gente que olhava o veículo ‘nadando’, mas ninguém quis se arriscar com ele nessa empreitada.

E foi sozinho para salvar o bichinho. A visão lhe era clara. Um carro lindo, prateado, não poderia se acabar assim no meio da mar. E mergulhou, nadou, nadou, mas logo caiu na real.

Aquilo lá não era um brinquedinho luxuoso de bacana, mas uma ferramenta de trabalho de um pobre empreiteiro que opera no lixo.

Considerado viu que nada podia fazer e sai de dentro da água pensando que estava ficando louco.

Meio raivoso ou como vovó já dizia ‘enfezado’, ele volta para casa com o tênis cheguei pendurado nos dedos e encontra dona Nildinha na cadeira de balanço fumando um cachimbo. A vó toma um susto com a cara enjoada do neto e pergunta preocupada:

– O que houve meu filho?

– Foi nada não, vó.

– Como não meu filho, você está todo sujo, ensopado como pinto que saiu do lixo.

– Foi uma besteira que eu fiz.

– Meu Deus do céu… Que besteira foi  essa menino?

– É que eu dei um mergulho com roupa e tudo ali na foz do Salgadinho.

– Das duas, uma: ou você está ficando louco ou virou a Kátia Born.

– Que Kátia Born, vó.

– Que eu sabia Considerado só a Kátia foi quem mergulhou na foz do Salgadinho.

Ele injuriado entrou na casa tomou um banho e a velha lhe arranjou uma muda de roupa e uma sandália japonesa. Preparou-lhe um café reforçado e resolveu tirar a história a limpo.

– Agora me diga meu filho, que doidice deu em você?

– É vó. Eu acho que estou ficando doido mesmo…

– Mas o que foi  que houve?

– Eu ia visitar os meus amigos do É Assim, quando chego na ponte do Salgadinho, olho para o mar e ela estava lá.

– Ela quem, a Kátia Born?

– Que Kátia,  minha vó. Era a Gianini.

– Que Gianini, meu filho, fale logo!

– A Gianini daquele senador lá de Brasília…

– A namorada de um senador?

– Não vó. Aquele carro prateado bonito, que apareceu na televisão…

– Menino você tá doido mesmo. Gianini é marca de violão. O carro do senador é uma Lamborghini , infeliz.

– É esse carro mesmo!

– E o que esse carro veio fazer aqui na praia?

– Não vó, era uma caçamba de lixo…

– Meu Deus Considerado, vou chamar o Dr. Emanuel pra lhe internar!