30 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Após ataque da maior refinaria do mundo, Petrobrás segura preço dos combustíveis

Cotação do petróleo teve a maior alta diária desde 2018; Atentado é considerado ’11 de setembro para o mercado’

A Petrobras decidiu esperar antes de decidir por reajustes nos preços da gasolina e do diesel. A avaliação na empresa é que o mercado ainda está muito volátil e que é preciso entender para onde vão as cotações internacionais, que subiram 13% nesta segunda (16).

Foi a maior alta diária desde o fim de 2008, em resposta a corte recorde na produção mundial após ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, que tirou do mercado uma capacidade equivalente a 5,7 milhões de barris por dia, ou 5% da oferta global.

Em nota divulgada no fim da noite, a estatal diz que segue monitorando o mercado internacional, mas optou por não fazer ajuste de forma imediata, já que “o mercado apresenta volatilidade e a reação súbita dos mercados ao evento ocorrido pode ser atenuada na medida em que maiores esclarecimentos sobre o impacto na produção mundial sejam conhecidos”.

A empresa ressalta ainda que não há periodicidade mínima em sua política de preços, que prevê acompanhar as cotações internacionais, com base em um conceito conhecido como paridade de importação, que simula quanto custaria para trazer combustíveis ao mercado interno.

Preço dos combustíveis dispararam durante greve dos caminhoneiros em 2018. Foto Marcelo Casal /Agencia Brasil

A estatal vem fazendo ajustes em períodos mais estendidos do que durante o governo Michel Temer, quando as mudanças chegaram a ser diárias. Essa política gerou insatisfações que culminaram com a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Se a Petrobras repassar às refinarias o aumento no preço do petróleo, como esperado, em poucos dias a gasolina e o diesel devem ficar mais caros nas bombas. A alta do dólar também afeta o petróleo porque a commodity é cotada na moeda norte-americana, o que coloca ainda mais pressão sobre a Petrobras.

11 de setembro do mercado petróleo

O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Décio Fabricio Oddone da Costa, disse que os ataques a refinaria na Arábia Saudita, no último sábado (14), são uma espécie de “11 de setembro” do mercado de petróleo, com potencial para elevar a sensação de risco sobre o setor.

Oddone avalia, porém, que a alta nas cotações internacionais é favorável para o desenvolvimento das reservas brasileiras. A ANP realiza nos próximos meses três leilões de áreas petrolíferas, incluindo o megaleilão do pré-sal, com bônus de assinatura de R$ 106 bilhões.

A perspectiva pode ser negativa para o consumidor, mas é positiva para o pré-sal, na medida em que aumento da cotação da matéria-prima valoriza também o petróleo brasileiro