19 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

“Ataque hacker”: Durante 9 horas no Senado, esquecido Moro minimiza Vaza Jato

Juiz desmereceu trabalho jornalístico na cobertura dos vazamentos, se dizendo vítima de espetáculo sensacionalista

Sergio Moro ficou durante 9 horas na CCJ do Senado

Em depoimento no Senado que durou nove horas, para explicar a troca de mensagens vazadas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato, o ministro Sergio Moro (Justiça) admitiu a possibilidade de deixar o posto no governo de Jair Bolsonaro (PSL) caso sejam apontadas irregularidades em sua conduta.

Mas, na maioria de suas falas, desmereceu o trabalho do The Intercept Brazil, e ao mesmo tempo que dizia “não lembrar” ou duvidar do conteúdo das conversas vazadas, dizia que não havia nada de errado nos diálogos.

Ele disse estar “tranquilo” e que, se forem divulgadas pelo site a íntegra das mensagens, “sem adulteração e sem sensacionalismo”, “essa correção vai ser observada”. Ele chamou o site de “aliado” de hackers.

A estratégia do ministro foi de se colocar como alvo de ataque hacker de um grupo criminoso organizado, não garantir a veracidade das mensagens, negar conluio com o Ministério Público, chamar a Vaza Jato de sensacionalista e desqualificar os que apontaram irregularidades na sua atuação quando juiz da Lava Jato.

Ele também foi alvo de provocações, como quando o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse, ironicamente, que era exigir demais que Moro se lembrasse das conversas. “Não exijam muito da memória do ministro. Ele tem péssima memória.” Moro, por exemplo, não lembrava nem mesmo se foi ele quem disse “In Fux we Trust”.

Esclarecimentos

Moro afirmou que a crise envolvendo a divulgação das mensagens não é um problema de governo e que tem recebido apoio do presidente Bolsonaro. “Estou no governo e acaba havendo esta transferência”, afirmou.

Ele ainda travou embates com senadores petistas e afirmou ainda ser alvo de um ataque hacker que mira as instituições e que tem como objetivo anular condenações por corrupção.

Segundo a legislação, é papel do juiz se manter imparcial diante da acusação e da defesa. Juízes que estão de alguma forma comprometidos com uma das partes devem se considerar suspeitos e, portanto, impedidos de julgar a ação. Quando isso acontece, o caso é enviado para outro magistrado.