27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Barroso diz que por causa de Bolsonaro, recebe ameaças de morte todos os dias

“Não sei o que simbolizo no imaginário do presidente pra ele ter essa obsessão pro mim”

Em entrevista ao UOL, Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), revelou que recebe ameaças de morte diariamente. Segundo ele, isso começou depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a atacá-lo com frequência.

Ele, no entanto, afirmou que não tem medo desses ataques:

“Depois que o presidente começou a me atacar obsessivamente, começaram a surgir ameaças de morte diárias. Tenho que andar com 5 seguranças. É um inferno. Mas não tenho medo, porque tenho essa proteção institucional. Viajo com uma pessoa dentro do avião. Não ando sozinho”.

Ele também contou como são os ataques que recebe:

“As ameaças chegam por telefone, porque é mais difícil de deixar rastro. Continuo com a mesma rotina, mas é lamentável. Algo aconteceu no Brasill que se liberaram todos demônios, então violentos, racistas, homofóbicos, misóginos e supremacistas, que estavam nas sombras, saíram à luz do dia. Isso aconteceu no mundo e no Brasil”.

Barroso aproveitou para se defender das críticas de Bolsonaro:

“Não tem lógica essa obsessão por mim. Tive duas decisões que impactaram: a instalação da CPI, que foi uma decisão de todo Supremo. E a defesa da urna eletrônica, em que todos ministros assinaram documento dizendo que não havia nada de errado. Então a obsessão por mim não se justifica. Não fiz nada sozinho. Não sei o que simbolizo no imaginário do presidente pra ele ter essa obsessão pro mim”.

Ao falar sobre fake news, o ministro disse que é importante “separar o que é ridículo do que é perigoso”. Questionado sobre as falsas notícias de que Bolsonaro levou paz ao conflito entre Rússia e Ucrânia, ele disse que não é perigoso. Sobre a guerra no leste europeu, Barroso lamentou o ocorrido, mas preferiu não opinar politicamente sobre o assunto.

Telegram

Barroso também comentou sobre as providências que tem tomado para mediar as ações do Telegram no Brasil.

“Não quero suspender nem banir Telegram. Gosto de gente disputando o mercado. Mas o Brasil não é casa da sogra. Temos regras mínimas civilizatórias. Quem quer frequentar minha casa, tem que seguir regra. Telegram tem que ter representante no Brasil e ter compromisso de seguir a legislação brasileira. Mandei comunicação para chamá-los para conversar. Não apareceram até agora”.