7 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro indica PGR apreciado pelo STF, mas criticado por bolsonaristas

Augusto Aras também agradou os Congressistas, mas não houve apoio no Twitter

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu indicar nesta quinta-feira (5) o subprocurador-geral Augusto Aras, 60, para o cargo de procurador-geral da República, em substituição a Raquel Dodge, cujo mandato de dois anos termina no próximo dia 17. Ela poderia ser reconduzida, mas acabou preterida na disputa.

Após meses de negociações, Bolsonaro deixou de lado a lista tríplice divulgada em junho por eleição interna da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República) e escolheu um nome que correu por fora, de perfil conservador e que buscou mostrar afinidade com ideias do presidente. O escolhido de Bolsonaro precisará agora ser aprovado em sabatina do Senado. O mandato é de dois anos.

Uma das atribuições do PGR é investigar e denunciar políticos com foro especial, incluindo o presidente da República.

Alívio no STF e Congresso

A indicação de Augusto Aras para a PGR (foi recebida até mesmo com alívio no STF (Supremo Tribunal Federal) e no Congresso. Outros nomes que circulavam como possíveis escolhidos eram considerados um desastre.

Aras defendeu, em seu périplo entre magistrados e políticos, ideias que soam como música: atacou a espetacularização e a personalização promovidas pelo Ministério Público Federal e disse que elas levaram à debacle da economia brasileira.

Por outro lado, a atuação do MPF, argumentou, foi muitas vezes um atentado à honra de pessoas que depois se provaram inocentes. Nas conversas nos tribunais e no Congresso, e também em público, ele atacou o que define como criminalização da política promovida por procuradores. Onde há mais de duas pessoas, diz, a solução será sempre política.

Bolsonaristas

Muito criticada por setores do Ministério Público Federal e pelos lavajatistas que compõem a base de Jair Bolsonaro, a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República foi bem digerida pelas cúpulas do Congresso e do Judiciário.

Nomes que torciam pela recondução de Raquel Dodge avaliaram que Aras está longe de ser, para eles, uma escolha ruim. Aliados do subprocurador já começam a traçar a rota da romaria pelo Senado: ele irá aos 81 gabinetes pedir votos.

A escolha dele é vista também como uma derrota dos integrantes da Operação Lava Jato e daquele que foi a sua maior figura: o ministro da Justiça, Sergio Moro. Além de não emplacar nomes de sua preferência, ele nem sequer foi consultado por Bolsonaro no processo de escolha.

Leandro Ruschel, um dos principais influenciadores bolsonaristas, com mais de 300 mil seguidores no Twitter, escreveu que a indicação “pode ser um ato de suicídio político de Bolsonaro.” Ele ainda comentou: “nunca vi tanta gente afirmando que estava encerrando o seu apoio ao presidente”. Na enquete que Ruschel realizou com seus seguidores, dos 6.973 votos, 89% foram contra a indicação.

O Movimento Vem Pra Rua, que já convocou manifestações de apoio ao presidente, também demonstrou insatisfação com a escolha. A página do movimento compartilhou uma imagem onde se lê, em letras maiúsculas:

“Decepção! Com diversos nomes melhores, Bolsonaro resolveu escolher Augusto Aras para a PGR. Lamentamos a escolha do presidente”. O Vem Para Rua também realizou enquete com seus seguidores para saber se concordavam com a indicação. Até às 17h30, o “não” contabilizava 80% dos votos.