20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro matou brasileiros ao recusar doses da Pfizer a até mesmo por metade do preço

Governo recusou oferta “agressiva” de U$ 10 por cada uma das 70 milhões de doses, o que representa 10% do que foi gasto com auxílio emergencial

O general Pazuello em manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro, dias após mentir na CPI

Em uma pandemia viral, a melhor chance de encerrar o avanço do contágio e mitigar a pane sanitária, social e econômica de um país – e com isso evitar a morte de milhares de pessoas – é com vacina.

E como já se tinha uma ideia bem clara no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro lutou arduamente contra isso. Para ele, a solução estava apenas em medicamentos que ele acha funcionar e milhões de doses de vacina foram recusadas. É um fato concreto: Bolsonaro não quis comprar vacinas e hoje temos mais de 470 mil mortos pela Covid-19 em um cenário de pandemia sem hora para acabar.

Para piorar a situação: a Pfizer, que precisou parir com o governo uma negociação que durou 9 meses (de silêncio) para compra das vacinas, chegou a ofertar os insumos pela metade do preço que países como Estados Unidos ou da Europa pagariam.

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contabilizou 53 emails enviados pela Pfizer ao governo a partir de agosto cobrando resposta sobre a oferta dos 70 milhões de doses. À CPI, o então ministro da Saúde, Pazuello qualificou a proposta da Pfizer como “agressiva”.

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Eduardo Pazuello, considerou caro demais, em agosto de 2020, o valor de US$ 10 por dose da Pfizer, enquanto que nos demais países o pedido poderia chegar até US$ 20. Com o atraso nos contratos, as primeiras doses da Pfizer chegaram só em abril deste ano

Ao colocar o preço humano inferior a 10 dólares, preferiram gastar com compras de cloroquina, marketing para vender a ideia de que não há crise e, óbvio, milhões ou bilhões de reais em medicamentos e manutenção da internações- diariamente, é preciso um investimentos médio de R$ 1.500 para cada paciente internado em uma UTI Covid.

10 dólares que custaram caro

Nessa escolha errada, não é preciso ser muito inteligente para perceber o óbvio: ao não comprar vacinas pela metade do preço, o gasto a ser arcado com essa situação de pandemia durante tanto tempo acabou sendo mais caro. E mais importante: vidas que poderiam ter sido salvas acabaram. Pessoas morreram aguardando por vacinas, que nunca chegaram até elas.

Estima-se que a vacinação antecipada teria evitado mortes e os prejuízos bilionários provocados pelo fechamento da economia. Com um PIB total de R$ 7,4 trilhões em 2020, os R$ 30 bilhões agora previstos pelo Ministério da Saúde para a vacinação brasileira correspondem a um dia e meio de um hipotético lockdown nacional.

O valor equivale a 10% do auxílio emergencial pago em 2020 e é menos do que os R$ 44 bilhões previstos neste ano para compensar o fechamento da economia.

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Antes das doses da Pfizer, a imunização ocorria com vacinas do Butantan e da AstraZeneca, mas em quantidades baixas. A vacinação brasileira com duas doses limita-se a 11% da população, travando o setor de serviços, responsável por 70% do PIB e dos empregos.

Sem vacina, a ocupação desses trabalhadores caiu até 20% na pandemia, aumentando a desigualdade e a pobreza extrema a níveis de 15 anos atrás. O colapso nos serviços levou a série histórica de desemprego do IBGE a um recorde: 14,7%, com 14,8 milhões de desocupados

Resumindo: mentiram pro povo, destruíram a economia e mataram pessoas.

One Comment

  • Matéria sensacional. Explicou, de maneira simples, o quão despreparado foi o governo federal para lidar com a pandemia, mesmo com uma solução óbvia na frente deles, e que foi defendida por especialistas desde o começo.

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