19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro tenta se esquivar do fundão de R$ 5,7 bilhões aprovado pelos filhos e aliados

Presidente quer agradar seu curral eleitoral ao prometer vetar aumento que teve o ‘sim’ de Eduardo e Flávio Bolsonaro, Osmar Terra, Bia Kicis, Carla Zambelli, Marcos Feliciano, Fernando Collor…

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro estava internado no hospital, o Congresso Federal, Câmara e Senado no mesmo dia, aprovou a LDO de 2022 com algumas questões preocupantes. Como o liberou geral do “orçamento paralelo” – o relator do Orçamento agora pode tirar verbas dos ministérios aumentar emendas parlamentares.

A escancarada estatização do ‘toma lá, da cá’, com mais compras de votos através de emendas, já é um problema gritante por si só. Mas como no Brasil uma tragédia só não é suficiente, acabamos tendo que focar no número absoluto real e mais claro desta LDO: os R$ 5,7 bilhões para o fundo partidário.

“Então, é uma cifra enorme, que no meu entender está sendo desperdiçada, caso ela seja sancionada. Posso adiantar para você que não será sancionada”. Jair Bolsonaro, presidente.

Bolsonaro até teria a desculpa de dizer que “não estava cagando” para este assunto, pois estava com obstrução intestinal neste momento. Entretanto, seu DNA está de maneira figurada e literal neste derrame de dinheiro público.

Votaram sim pelo fundão os seus líderes e deputados ou senadores mais próximos, como Osmar Terra (ministro paralelo da Saúde), Bia Kicis (inacreditavelmente, à frente da Comissão de Constituição e Justiça), Carla Zambelli (um meme ambulante sem convicção) e Fernando Collor (presidente impichado abraçado ao poder do bolsonarismo), Marco Feliciano (que profissionalmente usa a Bíblia para odiar), Hélio Lopes (presença constante para negar acusações de racismo), além dos filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro (03 e 01).

Base governista votou em peso por maiores gastos nas eleições e em “orçamento paralelo”

Estes nomes, apenas para dizer alguns: TODA a base governista, TODO deputado e senador dito cidadão de bem, votou para que a LDO 2022 tivesse esse destaque com o triplo de aumento. R$ 5,7 bilhões para os partidos gastarem nas eleições. E vindo junto no bolo gastos com laranjas e erros de cálculo para ter mais dinheiro no bolso.

Claro, eles culparam a esquerda por aprovar o fundão. Literalmente o que não aconteceu. A mentira foi tão gritante e safada que quebro até mesmo a confiança do gado mais cego e fiel. Houve um racha. Eles realmente acharam que desta vez conseguiriam enrolar dizendo ‘não’ quando fizeram ‘sim’.

Curiosamente o mesmo que o presidente vem tentando fazer agora. Ele culpa o vice do Congresso, que presidia a sessão no momento. Arthur Lira, o primeiro-ministro aliado, se esquivou daquela responsabilidade. O mesmo de Bolsonaro. Coitado, ele estava entupido, não tinha nada a ver com aquilo, não é mesmo?

“Nem tudo que eu apresento ao legislativo é aprovado. E nem tudo que o legislativo aprova, vindo deles, eu tenho que sancionar do lado de cá. Mas a tendência nossa é não sancionar isso daí em respeito ao trabalhador, ao contribuinte brasileiro”. Jair Bolsonaro, presidente.

Bem: Bolsonaro se elegeu pra “tirar o PT” e tudo o que o partido de esquerda fez ou teria feito nos últimos anos. Além da bem vinda promessa de “fim da corrupção”, por questões ideológicas ele prometeu findar ou reduzir gastos com políticas sociais, investimento em cultura, o foco na educação pública, burocratização do governo e bater de frente com os gastos públicos..

Como também foi prometido a redução da cotação do dólar e a sensação de que o Brasil voltaria a ser respeitado no mundo, principalmente aos olhos dos Estados Unidos, ficou claro que tudo não passa de uma farsa e mentira. Um desastre completo. Ao menos para quem ainda faz questão de entender o que está acontecendo.

Estes R$ 5,7 bilhões são só apenas um detalhe extra. Muita coisa pior já aconteceu. Ouviram falar da pandemia e seus mais de 540 mil mortos, com ativa negligência do governo? E as constantes ameaças de golpe, com as eleições do próximo ano ameaçadas?

O Brasil vive uma tragédia e mal conseguimos conseguir focar num foco só, pois quando achamos a fossa finalmente havia sido reparada, alguém inventa de desentupir. E todo o conteúdo é jogado ao vento. No ventilador mesmo. Com, ou sem estes R$ 5,7 bilhões.

Aliás, não foi a primeira vez nem será a última que fizeram isso. Em 2020, o fundo aprovado tirou recursos da Saúde e Educação. À época, um total de R$ 3,8 bilhões.

A Saúde perderia R$ 500 milhões, Infraestrutura R$ 380 milhões e Educação R$ 280 milhões. O TSE, no entanto, decidiu recalcular divisão do Fundo Eleitoral entre partidos. O valor ficou em R$ 2,034 bilhões.

Neste ano, Flavio Bolsonaro se calou, diferente daquela vez, que teve a audácia de dizer que votou por engano. Quem ainda é tão idiota para continuar acreditando em tanta mentira assim?