18 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Das mais de mil desistências do Mais Médicos, 40% são no Nordeste

Três meses depois da reposição das vagas, 15% dos profissionais em todo país desistiram dos contratos, que oferecem salário de R$ 11.800

No fim do ano passado, 8.517 médicos cubanos deixaram o programa Mais Médicos, após declarações conturbadas do presidente Bolsonaro. O governo havia informado que todas as vagas haviam sido preenchidas por brasileiros.

Mas elas não duraram muito. Se antes os médicos cubanos se mostravam interessados em permanecer trabalhando independente da região, jovens médicos brasileiros ou não se adaptaram, ou preferiram iniciar suas residências no início deste ano.

O Nordeste concentra 40% das 1.052 desistências do programa. Três meses depois da reposição das vagas, 15% dos profissionais desistiram dos contratos, que oferecem salário de R$ 11.800.

408 dessas desistências aconteceram na região Nordeste, a maioria na Bahia. De forma geral, o Nordeste concentra 33% das vagas deixadas pelos cubanos:

  • Bahia: 117
  • Maranhão: 63
  • Ceará: 56
  • Pernambuco: 56
  • Piauí: 28
  • Alagoas: 28
  • Paraíba: 27
  • Rio Grande do Norte: 19
  • Sergipe: 14

A segunda região mais afetada pela ausência de médicos do programa é a Sudeste, com 342 desistências – ou 32,5% do total dos postos abandonados.

Alagoas

A coordenação do Programa Mais Médico em Alagoas apontou que 23 municípios alagoanos registraram a desistência de profissionais. Com isso, as unidades de saúde do estado estão com 28 vagas desocupadas.

Entre os motivos de desistências do médicos brasileiros, que substituíram os cubanos após interferência de Bolsonaro, estão a dificuldade de se adaptaram na carga horária de 40 horas semanais.

Alagoas tinha 128 médicos cubanos, substituídos por brasileiros, mas estes não estão durando. Penedo, União dos Palmares e Igreja Nova são as cidades que mais sofreram e as vagas só serão abertas após nova seletiva federal.

Bolsonaro

Quando deputado federal pelo PP-RJ, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) protocolou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da medida provisória (MP) editada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que criou o programa Mais Médicos. Bolsonaro chegou a pedir que fosse concedida uma liminar para suspender a medida provisória.

O programa Mais Médicos tem 18.240 profissionais, em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras. Na ação, protocolada em julho de 2013, o parlamentar fez uma série de críticas à MP. Ele já contestava a não exigente da revalidação do diploma para que um estrangeiro exerça a profissão no Brasil.

Agora, presidente, ele partiu para o lado pessoal. “Primeiro, por uma questão humanitária: é desumano você deixar esses profissionais aqui afastados de seus familiares. Tem muita senhora aqui que está desempenhando essa função de médica, e seus filhos menores estão em Cuba”, declarou.