Em um dia 17 conturbado, o PSL voltou a ser PSL. Depois do líder Delegado Waldir (GO) dizer que ia “implodir” o presidente Jair Bolsonaro, que também chamou de vagabundo, voltou atrás. Waldir agora diz que tudo não passou de um “momento de emoção”.
A declaração havia sido gravada durante reunião com outros deputados do PSL, enquanto Eduardo Bolsonaro tentava ocupar, com a ajuda do pai presidente, a a liderança do partido.
Pode ser que tenha mais latido que mordido, e o vazamento (feito por outro deputado do PSL, esse que se diz Bolsonarista), o fez repensar diante de toda repercussão. Mas a implosão, aparentemente, foi cancelada:
“É só questão de… É uma fala de emoção, né? Um momento de sentimento. É uma fala num momento de emoção, né? É uma fala quando você percebe a ingratidão. Tenho que buscar as palavras. Tenho que buscar as palavras”. Delegado Waldir (GO), líder do PSL.
E em um maior exemplo de como funciona a mentalidade dos membros do partido, Waldir resolveu se comparar a uma mulher traída e espancada, mas que resolve voltar para os abusos:
“Nós somos Bolsonaro. Nós somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim ela volta ao aconchego”. Delegado Waldir.
Com isso, o deputado agora vai tentar pacificar a bancada do partido, que ficou maravilhada com os milhões do fundo eleitoral. E seus 53 membros deve votar integralmente” segundo os interesses do governo.
“Não tem nenhuma ruptura, não tem nenhuma perseguição, não tem nada”. Delegado Waldir.
Mas o estrago já foi feito: Eduardo Bolsonaro voltou enfraquecido, perdeu a liderança que não tinha e teve sua indicação à embaixada em Washington retirada. A líder Joice Hasselmann foi trocada por um nome do MDB, mas ficou feliz por não ter que ficar corrigindo besteiras do próprio governo.
E o presidente Bolsonaro? Saiu com a imagem de um marido infiel e violento, que possui um relacionamento abusivo com a companheira. Isso até a próxima crise.
Bolsonaro flagrado em áudio
Jair Bolsonaro foi, sem saber, gravado pedindo o apoio de deputados do PSL para destituir o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir, que acabou sendo deposto horas depois, para a entrada de Eduardo Bolsonaro. “O poder de indicar pessoas, de arranjar cargos no partido, promessa para fundo eleitoral por ocasião das eleições” é o que interessa o presidente eleito para acabar com a mamata.
“Eu falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram uma de jornalista? Eu converso com deputados. Eu não trato publicamente desse assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou o telefone, primeiro, é uma desonestidade”. Jair Bolsonaro, presidente, ao ser questionado nesta quinta sobre o áudio.
PSL em crise
A crise do PSL se agravou na última semana. Sem saber que estava sendo transmitido ao vivo, no último dia 8 Bolsonaro disse para um apoiador “esquecer o PSL” e afirmou que Luciano Bivar, presidente do partido, estava “queimado pra caramba”.
Nos dias seguintes, nomes do partido saíram em defesa de Bolsonaro ou de Bivar, mostrando que havia um racha.Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.
Ontem, a situação se tornou mais crítica com operação da Polícia Federal para investigar o esquema de candidaturas laranjas do PSL. Bivar foi alvo.
