20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Em live, Bolsonaro sugere engolir o choro, focar na economia e tomar cloroquina

E depois da cloroquina, presidente prometeu trazer mais um medicamento de uso precoce, desta vez um spray israelense

Em mais uma live semanal das quintas-feiras, o presidente Jair Bolsonaro foi responsável por mais uma sequência de declarações questionáveis sobre a pandemia no Brasil. E nem o recorde de 1.452 mortes por covid-19 registradas no mesmo dia (11), maior número do ano, fez ele pegar leve.

Ainda em negação apesar de todas as comprovações científicas e evidências de vacinados no mundo (ninguém “virou jacaré”), Bolsonaro, no alto de sua falta de empatia e ignorando qualquer senso de responsabilidade, disse que já é a hora de parar de ficar chorando em casa:

“A vida continua, temos que enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando, não vai chegar a lugar nenhum. Vamos respeitar o vírus, voltar a trabalhar, porque sem a economia não tem Brasil”. Jair Bolsonaro, presidente.

Os efeitos da pandemia, provocados por sabotagem contra o uso de máscaras e distanciamento social, além de campanhas de fake news e desinformações institucionais, partem para o segundo ano sem hora para acabar. Até porque, preterindo a importância da vacinação, o presidente continua promovendo o uso da cloroquina – medicamento que não funciona contra a covid-19.

“Não é só Covid. A malária continua. O lúpus continua. Nós temos aqui, em média, 200 mil casos de malária no Brasil. Não sei quantos comprimidos a pessoa toma para se cuidar de malária. Mas muita gente, na região amazônica, toma preventiva (…) Tem muito médico que usa a hidroxicloroquina, a ivermectina para o tratamento precoce. A produção de comprimidos é da ordem de 13 milhões, com validade de quatro anos. Ninguém está fazendo nada errado ou jogando fora”. Jair Bolsonaro.

E de uma maneira óbvia, estas foram exatamente as maiores críticas que o general Pazuello, ainda ministro da Saúde, ouviu horas antes no mesmo dia em audiência no Senado, sobre suas ações nesta pandemia:

“Eu tenho fé em Deus que tanto o senhor como o presidente da República irão responder por genocídio, seja aqui no Brasil, seja no Tribunal Penal Internacional.. O senhor deve ser responsabilizado criminalmente, como o presidente, porque vocês estimularam aglomeração, o não distanciamento social, a não utilização de máscaras e o uso de medicação sem nenhuma comprovação científica”. Fabiano Contarato, senador (Rede-ES).

O pior é que, depois de tanto tempo, o presidente ainda não aprendeu. E neste ritmo seguirá sem salvar a economia ou vidas.

Israel

Bolsonaro ainda anunciou que vai conversarcom o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre a possibilidade de importar um medicamento experimental contra o câncer que pode ajudar na recuperação de pacientes de covid-19 hospitalizados.

“Em Israel é um spray, estamos em contato, já está acertado o encontro virtual com Netanyahu para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente, para pessoas em estado grave. Está em estado grave? Toma, poxa, vai esperar ser intubado”? Jair Bolsonaro.

Ou seja: o presidente quer trazer mais um medicamento (experimental) precoce contra a covid-19, mesmo sabendo dos efeitos mais que positivos que a vacinação vem proporcionando.

É impossível comparar os feitos da vacinação no Brasil e na diminuta Israel, mas Benjamin Netanyahu já confirmou que cerca de 38% da população israelense recebeu pelo menos uma dose do imunizante. E que mais de 97% das mortes causadas pela Covid-19 nos últimos 30 dias foram de pessoas não vacinadas.

Ou seja, a vacinação funciona. Na conversa com Netanyahu, Bolsonaro entraria no tocante dos benefícios da vacinação? Ou seguirá evitando o assunto, assim como não ter autorizado ainda a vacinação da própria mãe, que tem 93 anos?