27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Indicado perde secretaria de Audiovisual após pedir cota para filmes evangélicos

“Acho que a esquerda tem de entender que a direita assumiu esse país. O que é ser direita? É ser liberal e conservador, é progredir com os bons costumes e a família. Por que não pode ter filme que fala da família?”

Edilásio Barra não passou da indicação

Dá pra desmontar à vontade nossas florestas, liberar agrotóxicos, ampliar posse e porte de armas apesar dos índices de violência e até mesmo colocar crianças em perigo no trânsito, mas os seguidores de Bolsonaro são menos permissivos quando o assunto é mexer na Netflix.

O apresentador e produtor Edilásio Barra não será mais o secretário do Audiovisual do governo de Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada pela assessoria do ministro da Cidadania, Osmar Terra.

“Se for a mando de Deus, recebo com o maior respeito essa decisão”. Edilásio Barra.

Mas não foi de Deus, foi de Terra mesmo. Em sua página do Facebook, que agora está desativada, Barra dizia ter passado pela Rede Globo, Rede TV!, Bandeirantes, CNT e Record. Também listava que apresentou e dirigiu o Programa VIP, “mostrando o lado positivo da sociedade carioca, além dos bastidores do mundo artístico, político e empresarial do eixo Rio–São Paulo”.

Declarações que passaram do limite

Nesta semana, em entrevista à BBC News Brasil, Edilásio Barra Jr, conhecido como Tutuca, diz que “esquerda tem que entender que a direita assumiu esse país”.

Ele defendei a adoção de uma cota para filmes brasileiros em serviços de streaming como Netflix e cobra o direito de obras evangélicas terem acesso a verbas públicas em um sistema “sem viés ideológico”.

“Acho que a esquerda tem de entender que a direita assumiu esse país. O que é ser direita? É ser liberal e conservador, é progredir com os bons costumes e a família. Por que não pode ter filme que fala da família? Por que não pode ter filme que preserve os bons costumes? Por que não pode ter filme gospel?”. Edilásio Barra.

Para Tutuca, a Secretaria do Audiovisual precisa ter uma visão democrática, desburocratizada, descentralizada e planejada. Entre as atribuições do órgão estão formação, editais de produção de filmes e séries e preservação de conteúdo.