16 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Expresso

Juiz do TJAL é premiado pelo CNJ por atuação contra violência doméstica

Alexandre Machado recebeu a premiação por trabalho desenvolvido no Juizado da Mulher de Arapiraca

Conselheiro Márcio Luiz Freitas entrega placa ao juiz Alexandre Machado. Conselheiro Márcio Luiz Freitas entrega placa ao juiz Alexandre Machado. Foto: CNJ.
O juiz Alexandre Machado, do Tribunal de Justiça de Alagoas, recebeu a premiação do II Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira (31). O projeto “Justiça que sabe para prever, acolhe para empoderar”, desenvolvido no Juizado da Mulher de Arapiraca, foi vencedor da categoria magistrado.

Entregue durante solenidade em Brasília, a premiação contempla experiências, atividades, ações, projetos, programas, produções científicas ou trabalhos acadêmicos que contribuam para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher.

O projeto premiado trata-se de um fluxo de trabalho que lista todos os processos de atuação extrajudicial em ordem de ocorrência e prioridade, com a utilização de técnicas multidisciplinares para aprimorar o combate à violência doméstica e empoderar a mulher vitimada.

Para o juiz Alexandre Machado, o resultado é fruto do trabalho coletivo de todos que integram o Juizado da Mulher de Arapiraca, bem como contou com a participação de parceiros que compõem a rede de proteção.

“A prática propõe a adoção de um fluxo de trabalho estruturado e eficiente para a realização de uma pluralidade de ações na seara extrajudicial. O Judiciário, ao adotar esse fluxo, passa a fazer parte efetivamente da vida dessas mulheres, garante voz, dialoga de forma assertiva com a rede de proteção e interage com a sociedade apresentando números e desenvolvendo ações nos bairros mais violentos”, explica Machado.

O juiz ressalta que o fluxo pode ser replicado por qualquer outra unidade judiciária do país. “Foi concebido sob o viés de um Judiciário mais moderno, efetivo, inclusivo, plural e democrático, disposto a ser protagonista de ações preventivas e de empoderamento”.

O “workflow” é composto pelas etapas: grupo de acolhimento; mapa da violência doméstica; palestras; avaliação socioeconômica; e cursos profissionalizantes.

Em seguida, as informações colhidas com o mapa da violência são trabalhadas junto à rede de proteção local e comunidade acadêmica, bem como realizam-se palestras nos bairros mais violentos, de acordo com os resultados obtidos.

Com a inserção das vítimas nos grupos de acolhimento, é realizada uma avaliação socioeconômica de cada uma das mulheres, mediante entrevista individualizada. Os dados extraídos são utilizados para oferta de cursos profissionalizantes em parceria com o Senac.

O nome do prêmio é uma homenagem à juíza Viviane Amaral, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, vítima de feminicídio em 2020.  O Juizado de Arapiraca ainda concorre a outras duas premiações nacionais: o Prêmio Innovare e o Concurso Nacional de Decisões Judiciais e Acórdãos em Direitos Humanos, do CNJ.

600 mil medidas protetivas

De acordo com o diagnóstico “Avaliação sobre a aplicação das Medidas Protetivas de Urgência da Lei Maria da Penha”, foram quase 600 mil medidas protetivas concedidas no Brasil, entre janeiro de 2020 e maio de 2022.

Também foi revelado que nove em cada dez pedidos foram atendidos pela Justiça, mas, em alguns casos, há demora na concessão. Cerca de 30% dos pedidos são concedidos após o período definido pela legislação, que é de até 48 horas.

No âmbito da violência doméstica, as medidas protetivas são ordens judiciais concedidas de forma urgente para proteger mulheres, proibindo que o agressor se aproxime da vítima, entre outras determinações. O levantamento foi produzido por meio de parceria entre o CNJ, o Instituto Avon e o Consórcio Lei Maria da Penha.