27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Onyx usou dados falsos para atacar universidades e justificar cortes

Investimento em educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos; Verbas sofrerão cortes de 30% por causa de “balbúrdia nos campi”

https://www.youtube.com/watch?v=Zz6xPFusMn8&feature=youtu.be&t=2566

Em entrevista para a Globo News, perguntado sobre a polêmica da “balbúrdia” que levou o ministro do MEC a cortar 30% das verbas de universidades federais, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni citou a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Tiradentes (UNIT – Privada) e usa do suposto fato da UFS não ter nenhum curso de doutorado ou mestrado com nível 5 em comparação com a UNIT.

Entretanto, isso não é o que acontece, segundo dados do Capes:

Dados da Capes – UFS:

  • 17 Cursos de Doutorado, 15 com nota 4 e 2 com nota 5.
  • 47 Cursos de Mestrado, 27 com nota 3 e 17 com nota 4 e 2 com nota 5.
  • 4 Mestrados profissionais.

Dados da Capes – UNIT:

  • 4 Cursos de Doutorado, todos com nota 5.
  • 5 Cursos de Mestrado, 4 com nota 5, 1 com nota 4.

    Os números são claros: não só o ministro claramente mentiu e usou de dados falsos para alimentar uma narrativa, ele ignora o fato de a federal ter uma dezena de outros cursos de mestrado e doutorado a mais que a UNIT.

    Críticas construtivas são válidas e uma universidade sempre procura a melhora, mesmo frente ao corte contínuo de verbas, mas mentir em rede nacional para justificar cortes no ensino é não só perigoso, como deveria ser ilegal.

    Enquanto não for criado um um projeto de lei que determine que quando um servidor em mandato eletivo usar dados falsos ou equivocados em um pronunciamento público deva se retratar pública e imediatamente, ou algo desse tipo, não será possível enfrentar as fake news. Ainda mais se estas foram criadas e divulgadas pelo governo.

    Governo usa dados falsos para justificar cortes e “reajustes ideológicos” nos ministérios

    Cortes

    O investimento em educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2018, diminuiu de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões. A projeção da Lei Orçamentária deste ano é que o valor seja ainda menor e fique em R$ 4,2 bilhões. E pode cair mais ainda. Nesta semana, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou corte em 30% os recursos de todas as universidades federais do país.

    Inicialmente, os cortes valeriam apenas para UnB (Universidade de Brasília), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFBA (Universidade Federal da Bahia), mas o corte que seria limitado apenas para “universidades que não apresentassem desempenho acadêmico esperado e estivessem promovendo “balbúrdia” em seus campi” acontecerá em 100% das unidades.

    O orçamento da pasta dirigida por Weintraub teve redução de 11,7% entre 2014 e 2018: de R$ 117,3 bilhões para R$ 103,5 bilhões. Ensino superior, educação básica e ensino profissional sofreram “maior redução”.

    Em um vídeo de pouco mais de um minuto, o ministro compara o custo de um aluno de graduação (R$ 30 mil anuais, segundo ele) com o de uma vaga em creche (R$ 3 mil, segundo ele).

    Weintraub não explica no vídeo de onde vêm os dados que citou, nem a que tipo de instituições se referem, mas foi bem claro quando atacou o que via como balbúrdia em determinadas universidades federais.