3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

O preço do Covid-19: com 1% de infectados, só de UTI o SUS teria gastos de R$ 1 bilhão

Como aumentam os casos de coronavírus, há dúvidas sobre como resistirá o sistema público brasileiro

Em um cenário otimista em que apenas 1% da população brasileira seja infectada pelo novo coronavírus, só as internações em unidades de terapia intensiva podem custar pelo menos R$ 930 milhões ao sistema público de saúde.

Os números são do estudo inédito do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), que levou em consideração o custo de internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde) por condições semelhantes à Covid-19.

David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, afirmou que o governo trabalha com um cenário de que o coronavírus contamine entre 1% e 10% da população do estado. Enquanto isso, na Alemanha, estima-se que pelo menos 70% da população seja infectada.

Enquanto isso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o novo coronavírus está chegando ao estágio da transmissão comunitária. Nessa condição, não é mais possível identificar quem transmitiu o vírus para quem.

É um quadro em que o número de infectados pode aumentar em progressão geométrica, a exemplo de outros países. Oficialmente, o Brasil tem 200 casos oficiais de covid-19. Cerca de 1.913 casos estão sendo investigados em todo o país.

Na contra-mão de seu próprio ministério, o presidente Jair Bolsonaro resolveu se juntar à população e apoiar as manifestações de apoio, que eram contra o Congresso e STF. Bolsonaro, vale lembrar, deveria estar em quarentena, pois entrou em contato com infectados. Mas disse que “não tinha preço” estar lá com a população. Bem, tem sim: bilhões de reais.

Números

O custo médio de internação em UTI por condições semelhantes em 2019 foi de R$ 11.296, de acordo com dados do Datasus. O levantamento considera apenas repasses federais por procedimento, e deixa de fora custos fixos como salários de médicos, o que indica que o valor final deve ser ainda maior.

Cerca de 80% a 85% dos casos da infecção são leves e não necessitam de hospitalização. Outros 15% podem precisar de internação hospitalar fora da UTI e menos de 5% vão necessitar de suporte intensivo.

Considerando a população brasileira não coberta por planos de saúde, esses casos críticos que precisarão de UTI devem somar 82,4 mil internações no SUS.

Se o número de infectados chegar a 10% da população brasileira, o cenário mais grave previsto em SP pelo governo paulista, o custo chegaria a R$ 9,31 bilhões.