23 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Para General Heleno, existe quantidade perdoável em casos de corrupção

“O que apareceu dele é irrisório. Acredito que não vá atingi-lo”, diz ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Para o futuro ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o presidente eleito Jair Bolsonaro está isento de responsabilidade no caso das movimentações financeiras “atípicas” de um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O motivo? A quantidade de dinheiro foi pequena.

“O presidente tá isento disso aí porque não teve participação. O que apareceu dele é irrisório, uma quantia pequena, e ele mesmo já explicou. Acredito que não vá atingi-lo. Os responsáveis vão ter que assumir a culpa. Se houver alguma penalidade, vão ser submetidos a essa penalidade”. General Heleno, futuro ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

É de se imaginar que se o Coaf tivesse identificado movimentações favoráveis a petistas, como Onyx havia descoberto (e esquecido), eles reagiram. Até mesmo Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça, se esquivou. Então só conta se for petista ou existe uma quantidade aceitável para dinheiro vindo de corrupção?

De qualquer forma, o relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) que apontou a movimentação atípica, mencionou auxiliares de outros 20 deputados da Assembleia do Rio de Janeiro. Entre eles, o do petista e presidente da casa, André Ceciliano.

Coaf

Heleno se referia ao caso que se tornou público na última semana, em que o militar Fabrício de Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão no período de um ano, enquanto servia como assessor e motorista no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito, na Assembleia Legislativa do Rio.

A movimentação na conta de Queiroz foi considerada “atípica” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele depositou até mesmo um cheque de R$ 25 mil reais para Dona Michele, esposa de Bolsonaro. O presidente eleito afirmou que o repasse se deve ao pagamento de um empréstimo que fez ao ex-assessor, no valor total de R$ 40 mil.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai achar os R$ 40 mil”. Jair Bolsonaro.

O amigo de Bolsonaro fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. Uma retirada a cada dois dias naquele ano. E mais da metade dos depósitos em espécie recebidos, pelo ex-motorista de Flavinho, aconteceram no dia do pagamento dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio ou até três dias úteis depois.

O parlamentar afirmou não ter feito nada de errado e disse que não vai decepcionar ninguém. “Se Deus quiser, tudo será esclarecido em breve”, escreveu em rede social.

É também o que espera seu pai. “Eu deixo bem claro que eu não sou investigado, meu filho Flávio não é investigado, e pelo que consta esse ex-assessor será ouvido pela Justiça”, disse Jair Bolsonaro em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais.