20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Sigilo do cartão de vacinação de Bolsonaro será quebrado e gastos do corporativo investigado

CGU (Controladoria-Geral da União) vai quebrar sigilo imposto de 234 casos, enquanto TCU aceita apurar gastos do cartão que Jair dizia nunca usar

Como promessa de campanha, Lula disse que iria abrir os sigilos de 100 anos de Jair Bolsonaro

A CGU (Controladoria-Geral da União) irá quebrar, nas próximas semanas, o sigilo imposto em 234 casos estabelecidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Vão cair, portanto, os sigilos centenários do cartão de vacinação do ex-presidente, assim como a sindicância do Exército sobre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que hoje deputado federal.

O sigilo do cartão de vacinação de Bolsonaro deve ser quebrado amanhã. Porém, além da CGU derrubar o sigilo, será necessário ainda que o Ministério da Saúde permita o acesso à carteira de vacinação.

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Isso tudo após um decreto assinado pelo presidente Lula (PT) no dia da posse. Desde então, a CGU criou uma comissão para avaliar a adequação de 2.500 pedidos negados via LAI (Lei de Acesso à Informação) por Bolsonaro. Os 234 casos a serem quebrados se dividem assim:

  • 111 de segurança nacional;
  • 35 de segurança do presidente;
  • 49 informações pessoais;
  • 16 de atividades de inteligência;
  • 23 de outros gêneros.

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Em tom crítico, Vinícius de Carvalho, ministro da CGU, afirmou que houve um “retrocesso na transparência de acesso à informação” e “banalização” do uso de algumas justificativas.

“Eles  acabaram, de certo modo, utilizando determinadas categorias, ampliando determinadas justificativas para sigilos ou para não conferir o acesso à informação, no nosso entendimento, de maneira desproporcional e desarrazoada”.

TCU

Outro problema para Bolsonaro foi a decisão dos ministros do TCU (Tribunal de Contas da União), que aprovaram ontem (15) por unanimidade o pedido feito pela CFFC (Comissão de Fiscalização Financeira e Controle), da Câmara dos Deputados, para que gastos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o cartão corporativo sejam investigados.

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Com isso, a Unidade de Auditoria Especializada em Governança e Inovação, ligada ao TCU, vai autuar um processo para fiscalização dos gastos no âmbito da Secretaria-Geral da Presidência da República, gabinete pessoal do presidente e Gabinete de Segurança Institucional.

A atuação do Banco do Brasil também será investigada pelo tribunal, já que a instituição financeira atua como operadora das despesas. O trabalho vai abranger os gastos entre agosto e outubro do ano passado, período eleitoral

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A decisão do TCU ainda cita um “aumento expressivo” dos gastos com o cartão corporativo durante o período eleitoral. O montante de gastos da Presidência com despesas sigilosas do cartão somava até 8 de novembro do ano passado R$ 22.751.636,53.

Nos meses de agosto a outubro, as despesas atingiram R$ 9.188.642,20, o que corresponderia uma média mensal de gastos de R$ 3.062.880,73, um aumento de 108% em relação à média mensal de gastos de 2021 (R$ 1.574.509,64).