Em sua fala em um “congresso conservador”, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo criticou a relação do governo Bolsonaro com o Centrão dizendo que o presidente tomou a “pílula azul”, uma referência ao filme Matrix.
Na ficção científica de 1999, a pílula azul é a alegoria para quem querseguir vivendo no mundo de ilusões, ao invés de tomar a vermelha, que serve para acordar pra realidade e lutar contra o sistema.
Argumento usando normalmente por conservadores e incels, tomar a pílula vermelha é um sinal de despertar e lutar contra o mundo de fantasia e conformidades de todos os outros que insistem em tomar a pílula azul.
No filme funciona. Para a realidade, até quando se descreve, parece um argumento idiota. E a apropriação deste termo por conservadores retrógrados incomodou Lilly Wachowski, que junto com a irmã Lana roteirizou e dirigiu a franquia Matrix.
Isso ficou mais do que evidente quando o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, postou em maio do ano passado a cena com Neo (Keanu Reeves) tendo que escolher entre tomar a “pílula vermelha” e acordar para a realidade, ou a “pílula azul” e continuar na simulação.
Uma referência sobre a “histeria” que seria a atual pandemia, que no Brasil, naquele momento, matou mais de 16 mil pessoas. Hojeantasia.
Lilly Wachowski respondeu o ex-ministro de forma apropriada:
fuck you
— Lilly Wachowski (@lilly_wachowski) May 4, 2020
Para que não sabe ingês, “fuck you” é “vá se foder”. Weintraub sobreviveu à resposta: ele fugiu do Brasil, quando as coisas começaram a ficar feias para seu lado no STF e ganhou de Bolsonaro um cargo no Banco Mundial. Hoje ele ganha quase R$ 120 mil por mês.