20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Agenda de Bolsonaro em Moscou começa com homenagem a soldados comunistas

O mesmo Bolsonaro, dias antes, pedia a criminalização do comunismo no Brasil, tal qual o nazismo

Fotos: Alan Santos/BR

Encerrado o confinamento no hotel, por causa dos protocolos de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro iniciou sua programação oficial na Rússia, onde vai se encontrar com o presidente Vladmir Putin.

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E como chefe de Estado, teve como primeiro encontro uma cerimônia de aposição de uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido.

O túmulo é simbólico e celebra a vitória da União Soviética, império comunista que durou de 1922 a 1991, na Segunda Guerra Mundial. O conflito global teve início em 1939, mas os soviéticos entraram apenas em 1941. Por lá, a guerra é chamada de “Grande Guerra Patriótica”.

Comunistas

A ação, é, no mínimo, curiosa: Jair foi eleito prometendo “livrar o Brasil do socialismo”. E há alguns dias, perdendo o ponto na discussão da demissão de Monark, pediu a criminalização do comunismo no Brasil, tal qual o nazismo.

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Hoje, no entanto, em cerimônia oficial, oferece uma coroa com a imagem da bandeira do Brasil para homenagear o que ele por aqui jura ser crime.

“É de nosso desejo que outras organizações que promovem ideologias que pregam antissemitismo, divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes, como fez o comunismo, sejam combatidas por nossas leis”. Jair Bolsonaro, presidente.

Adepto da retórica preconceituosa, com ataques diretos contra negros, pobres, LGBTQI+ e estrangeiros, o presidente, que já abraçou membros do partido neonazista em apoio nas últimas eleições da Alemanha, mais uma vez atrapalha na discussão.

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Enquanto que, pela concepção, o nazismo prega pela existência de uma raça superior (e que para isso ser alcançado as demais precisem ser dizimadas), o comunismo prega o fim das classes sociais e divisão igualitária de renda.

Sim, regimes abusaram da concepção, mas o mesmo é feito pelo capitalismo ou qualquer outro sistema: não é pela concepção de base, é mais por culpa de quem está no comando.

Milhares de crianças foram abusadas sexualmente por padres católicos. Algo que a igreja não defende. Vários pastores roubam dinheiro de seus fieis, deturpando a ideia original. Religião seria proibida por isso?

O problema é de concepção: o comunismo defende divisão igualitária de renda e o nazismo o extermínio de minorias. Bolsonaro, por exemplo, também é um problema de concepção: nunca deveria ter existido politicamente ou mesmo nascido.

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