Poucas horas depois do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar que as primeiras 120 mil doses da vacina Coronavac chegariam no dia 20 de novembro ao estado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou, na noite de hoje, a interrupção do estudo clínico da vacina Coronavac, após o registro de um “evento adverso grave”.
O Instituto Butantan afirmou que foi “surpreendido” e o governo de São Paulo disse que “lamenta ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa”. O diretor do instituto, Dimas Covas, afirmou tratar-se de um óbito sem qualquer relação com os testes do imunizante.
A Coronavac é a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. E uma fábrica de 10 mil m² seria responsável pela produção de 100 milhões de doses.
Aliados do governador João Doria (PSDB) questionaram a divulgação da informação por meio de nota, em horário nobre de noticiários de televisão, justamente nesta segunda (9).
Dono de um discurso negacionista da pandemia, o presidente tem no governador uma rivalidade: enquanto Bolsonaro questiona a obrigatoriedade da vacinação e já repreendeu seu ministro da Saúde por considerar o uso do imunizante chinês, o tucano fez uma grande aposta na Coronavac.
Morte
A Anvisa afirmou que houve um “evento adverso grave” no dia 29 de outubro e que é padrão interromper os testes quando algum problema é notificado.
Em nota, explicou que os eventos adversos considerados graves pelo uso da vacina são: óbitos, eventos que comprometam a saúde do voluntário, incapacidade ou invalidez, reações que demandem hospitalizações, anomalias e suspeitas de infecção por meio de agentes.
A agência não deu detalhes sobre a ocorrência de 29 de outubro. De acordo com a nota, os dados sobre os voluntários devem ser mantidos em sigilo.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse, em entrevista à TV Cultura, que se trata do óbito de um voluntário que não teve relação com a vacina.
“Até estranhamos um pouco. É um óbito não relacionado à vacina. Como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, a pessoa pode ter um acidente de trânsito e morrer. Isso em nenhum momento para a interrupção do estudo clínico. Isso foi colocado agora à noite pela Anvisa, não foi solicitado o esclarecimento. Solicito aqui para que amanhã, na primeira hora, sejam esclarecidos esses dados”. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Os testes da vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório Astrazeneca já foram interrompidos e retomados por causa de efeitos adversos. Em outubro deste ano, morreu um voluntário brasileiro que participava dos testes deste imunizante. No entanto, na ocasião, a Anvisa afirmou que manteria os estudos envolvendo a vacina apesar do ocorrido.