Aparentemente, o presidente Jair Bolsonaro se confundiu de novo em uma de suas falas. Mas desta vez não foi sobre economia, cujo qual já está “proibido” de falar.
Em entrevista exibida no SBT, que passou batida na opinião pública, que preferiu o debate do azul e rosa de Damares Alves, o presidente que coloca o Brasil acima de tudo reverenciou o presidente Donald Trump.
E disse que cederia espaço em território nacional para a instalação de uma base americana.
Na ocasião, o presidente admitiu que existe uma possibilidade de, no futuro, os Estados Unidos implementarem uma base militar no Brasil. Ele, que admira Trump e o chamou de o “homem mais poderoso do mundo” e tem a intenção de se afastar de países da América do Sul e Europa, para se aproximar dos americanos.
“A questão física pode ser até simbólica, hoje em dia o poderio das forças armadas americana, soviética, chinesa, alcança o mundo todo, independente de base. Agora, de acordo com o que estiver acontecendo no mundo, quem sabe vamos discutir essa questão no futuro”, afirmou o presidente.
Mas isso não deve acontecer. Em mais um recuo após a má repercussão da ideia, agora os comandantes militares e oficiais generais da cúpula das Forças Armadas informam que não haverá nenhuma base americana instalada no Brasil durante seu mandato.
A mensagem foi passada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.
O chanceler Ernesto Araújo, ministro do Exterior que ama os EUA, confirmou a intenção, elogiada pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que esteve na posse do presidente no dia 1º.
Mas a declaração pegou os militares de surpresa, ainda mais vinda de um egresso das fileiras do Exército conhecido pela retórica nacionalista.
O Alto Comando do Exército expressou seu descontentamento em conversas de seus membros, os generais de quatro estrelas, topo da hierarquia. Azevedo e Silva, que foi do colegiado e hoje está na reserva, conversou com Bolsonaro.
Os EUA possuem mais de 800 bases em cerca de 80 países, mas nenhuma ativa na América do Sul. Estiveram presentes na Colômbia em acordo com o governo local, dando apoio ao combate às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Atuaram no Paraguai e, de 1999 a 2009, ocuparam uma base no Equador.
O Brasil só abrigou militares americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1942, a ditadura de Getúlio Vargas cedeu áreas em Natal para operações aeronavais aliadas no Atlântico, em troca de favorecimento político e econômico.