27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro se reúne com governadores nesta quarta em teste após pronunciamento

Presidente se sentará com Renan Filho, de Alagoas, e mais outros seis que adotaram toques de recolher para tentar uma união nacional de combate ao coronavírus

Após realizar seu primeiro pronunciamento “sensato e objetivo” nesta pandemia (influenciado por uma carta de 500 empresários culpando o governo federal pela crise no Brasil), o presidente Jair Bolsonaro testará a coerência de seu discurso em reunião nesta quarta (24), com setes governadores que decretaram em seus estados medidas restritivas, como o toque de recolher.

Embora no grupo que vai ao Palácio do Planalto estejam nomes mais próximos do presidente – apenas Renan Filho (MDB-AL) não é necessariamente um aliado, mas também não é um inimigo político – o consenso é o de que eles vão pedir coisas que por um ano Bolsonaro lutou contra, como demandas por uma série de medidas mais restritivas em todo o país.

Ratinho Júnior (PSD-PR), aliado do presidente, é um dos que estão vendo o toque de recolher dar resultados, segundo ele mesmo diz. Seu decreto restringe a circulação de pessoas entre 20h e 5h.

Tendo desperdiçado um ano teimando contra a ciência e ajudando a matar centenas de milhares de brasileiros, afinal, ele sabotou medidas de contenção ao novo coronavírus, fazendo descaso de distanciamento social, uso de máscaras ou mesmo de vacinação, Bolsonaro agora precisa lutar contra suas convicções: como sentiu no bolso, precisa focar na saúde.

Vale lembrar: no mesmo dia do pronunciamento, Bolsonaro foi derrotado no STF pelo ministro Marco Aurélio ao ter negado seu pedido de barrar decretos de três estados. Ele acreditava que fechamentos do comércio e toques de recolher são o mesmo que “estado de sítio”, e que só ele poderia decretar, não governadores

Além do pedido de respeito às restrições, haverá um pleito para que se aprove de novo uma lei que facilite compras na área de saúde. A que existia deixou de valer em dezembro. O cronograma de vacinação também entrará na pauta.

O presidente da República também vai se reunir, nesta quarta-feira, com os presidentes dos demais poderes: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco; e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux.

Carta aberta

O documento “O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo – Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia”, assinado por grandes empresários brasileiros, aponta uma série de impactos econômicos e sociais atribuídos à pandemia e à demora na imunização.

Nos bastidores, aliados do presidente Jair Bolsonaro tentam convencê-lo de que é necessário adotar um “tom moderado” no discurso sobre as medidas de restrição impostas pelos governos estaduais.

Coincidência ou não, o presidente correu para agradar o setor que mais lhe importa e o ajudaria em uma reeleição, e resolveu (ao menos no pronunciamento) discursar de forma coerente contra a crise da covid-19. Até mesmo a posse do novo ministro da Saúde aconteceu de forma relâmpago.