26 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Centrão manda Bolsonaro liberar R$ 4 bilhões para fundão, mas piso legal é de R$ 800 milhões

Presidente repete aos apoiadores a mesma desculpa do aumento de 2020: a de que faz isso para evitar crime de responsabilidade

Após receber o sim de Flávio e Eduardo Bolsonaro no Senado e Câmara, assim como de praticamente dos líderes e aliados nas casas, o fundão aprovado de R$ 5,7 bilhões na LDO do próximo ano receberá a canetada do presidente Jair Bolsonaro.

E em uma espécie de concessão para agradar a base eleitoral, que não caiu na mentira de que eles votaram contra o absurdo aumento aos partidos, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), mandou o recado para Bolsonaro: o valor do fundo não pode ser menos de R$ 4 bilhões.

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Depois de deitar e rolar na cama com o centrão, que recebem emendas, cargos, a presidência do Congresso e ministérios coo a Casa Civil, Bolsonaro percebe que os membros do centrão possuem bolsos sem fundos. Por isso, quando maior o fundão, melhor.

Pior para o Brasil, que além de ter que aceitar o orçamento paralelo de R$ 11 bilhões (relatores podem desviar indiscriminadamente valores de ministérios para as emendas que quiserem), terá que engolir mais um aumento para os partidos.

Bolsonaro se esquiva. Aos seus fãs, tenta explicar não ser possível vetar os R$ 5,7 bilhões ou aprovar algo inferior ao que Lira mandou, pois faz isso para evitar “crime de responsabilidade”.

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Base governista, que é o centrão, votou em peso por maiores gastos nas eleições e em “orçamento paralelo”

Besteira.

A Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados emitiu um parecer em que contradiz a tese do presidente sobre a obrigação da sanção bilionária.

De acordo com o órgão, as duas leis vigentes que tratam do tema determinam, na verdade, que sejam destinados ao menos R$ 800 milhões às campanhas políticas do ano que vem. Até mesmo inferior que a das eleições de 2020, com valor que ficou em R$ 2 bilhões.

O parecer foi solicitado pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e é assinado pelo consultor da Casa Sérgio Sambosuke.