29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Não é bem assim: Bolsonaro recua e agora fala em não mais vetar fundão bilionário

Vice-presidente da Câmara diz que máscara começa a cair e mudança de discurso é para aumentar fundão eleitoral

Em conversa com seus fãs na saída do Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para falar do fundão eleitoral aprovado com o voto de seus filhos e demais apoiadores no congresso, em sua maioria do centrão. E voltou 100% em sua decisão de vetar o fundão.

Agora, segundo ele, os aprovados R$ 5,7 bilhões receberiam veto de apenas um “extra” de R$ 2 bilhões. Bolsonaro, portanto, sinalizou aceitar uma quantia próxima de R$ 4 bilhões, mas não explicou como pretende realizar a operação.

“Deixar claro uma coisa. Vai ser vetado o excesso do que a lei garante. A lei…. quase R$ 4 bilhões o fundo, o extra de R$ 2 bilhões vai ser vetado. Se eu vetar o que está na lei, eu estou incurso em crime de responsabilidade. Espero não apanhar do pessoal aí como sempre”. Jair Bolsonaro, presidente.

O valor é menor do que o aprovado na LDO, mas ainda assim muito maior que na eleição anterior, que estava fixado em menos de R$ 2 bilhões.

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Isso tudo após Bolsonaro e a demais trupe de bolsonaristas jurar de pés juntos que não concordava com o fundão e que eleitores não deveriam votar em quem usasse estas verbas. Mas, claro, agiam de forma diferente e aprovaram o bendito gasto.

Base governista votou em peso por maiores gastos nas eleições e em “orçamento paralelo”

Após a mudança de discurso, o vice-presidente da Câmara, deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), disse que “a verdade sempre aparece”.

“Bolsonaro quer mais que dobrar o valor do fundo eleitoral, que hoje é de R$ 1,7 bilhões, e ele quer passar para R$ 4 bilhões. A máscara de quem sempre quis aumentar o fundo eleitoral começa a cair”! Marcelo Ramos.

A quantia não caiu bem nem mesmo na “gado-esfera” e até mesmo fortes apoiadores contestaram o aumento absurdo. Bolsonaro, claro, só não veta por estar atolado até o pescoço com o centrão, que quer mais dinheiro, mais cargos e mais poder. Por isso o tal do “veto parcial”, oposto do que ele prometera semana passada:

“Defendemos, acima de tudo, a harmonia entre os Poderes, bem como a sua autonomia. É partindo deste princípio que jogamos, desde o início, dentro das quatro linhas da Constituição Federal. Dito isso, em respeito ao povo brasileiro, vetarei o aumento do fundão eleitoral”. Jair Bolsonaro.

A novela, portanto, se repete: no final de 2019, poucas horas depois de sinalizar que vetaria o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões para 2020, Bolsonaro recuou e acabou dando aval, argumentando que, do contrário, poderia ser alvo de um processo de impeachment.

E aproveitando o assuntou, resolveu mentir mais uma vez para seus apoiadores e voltou a falar do “voto impresso”. Aquele mesmo voto que não era 100% confiável e garantiu ao hoje presidente votos fraudados em 1994.

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E o Brasil continua andando pra trás.