Impressionante a facilidade com que alguns gestores ainda teimam em lançar mão de artifícios, os mais variados possíveis, para fraudar as contas públicas. Coisas absurdas acontecem ao avesso da lei, da ética, do respeito ao povo e ao dinheiro público. E o pior muitos nem parecem preocupados em disfarçar os atos. Passeiam tranquilamente por labirintos rasos de irregularidades múltiplas, como se fossem inatingíveis, ou como se estivessem para sempre encobertos pelo véu da impunidade. Sem o menor pudor, a improbidade campeia diante da miopia de órgãos fiscalizadores.
Até que um dia, olhos se abrem, e a casa cai!
FARRA DE DIÁRIAS
A investigação feita pelo Ministério Público Estadual, que resultou no afastamento do prefeito de Viçosa, Flaubert Torres Filho, é um exemplo claro desse sentimento. Ele recebia diárias para viajar a serviço do município, e não saía da cidade. Fazia nem questão de se esconder; aparecia, de cara limpa, fazendo a festa, literalmente, participando de eventos públicos e ainda deixava o rastro, descaradamente, por meio de postagens nas redes sociais. Produziu provas contra si mesmo.
Não foi difícil para o MP comprovar a fraude.
NO PARALELO
O que fazia o prefeito de Viçosa, segundo apurou o Ministério Público, era garantir um salário paralelo, por meio de diárias que dobravam os rendimentos que o cargo lhe garante. Ele recebe R$ 7 mil como salário de prefeito e fazia um “pé de meia” que lhe garantia renda extra. Durante todo o ano de 2014, embolsou mais de R$ 77 mil – média de quase R$ 6,5 mil por mês – em diárias fraudadas. Se tivesse viajado tanto quanto recebeu do erário, o prefeito teria passado mais de dois terços dos dias úteis do ano passado, na ponte aérea, voando pelo Brasil afora.
Uma verdadeira farra
TEM MAIS
Dizem que tem muito mais gente, além do prefeito Flaubert e do secretário de Finanças, Maxwell Carnaúba, no foco dos benefícios das diárias fraudulentas, no município de Viçosa. É só ampliar o zoom da investigação.
EM CRISE
Tem muita gente com as barbas de molho, e já na mira do Ministério Público. O caso de Viçosa é apenas a ponta do iceberg que bate forte, abalando a estrutura financeira dos municípios, por aí afora. As contas das prefeituras escondem coisas espantosas. Despesas faraônicas com shows imaginários, obras inexistentes e até festa de santo. Tem até prefeito que gasta uma verdadeira fortuna com sanduíche, no passaporte da família.
Uma verdadeira crise de vergonha e honestidade. Esta, sim, faz mais estrago do que a crise financeira com que os gestores “choram”.
ALOÔ!
Mudando de assunto. Alguém avisa no Procon que a Secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos é Roseane Cavalcante de Freitas (Rosinha da Adefal). Uma relação de processos foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, com assinatura de Kátia Born Ribeiro, secretária da pasta no governo passado.