11 de dezembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Depois de demitir secretários Renan Filho pode ficar refém da Assembleia

Cultura do “grupo dos 14” não perdoa ninguém. Impõe as regras.

A cultura do grupo dos 14 na Assembleia Legislativa está mais viva do que nunca. E esta faz qualquer governo refém. Isto é, as regras são impostas da seguinte forma: ou reza na cartilha determinada pelo bloco ou simplesmente não governa com a paz desejada. Sem perdão.

O grupo teve origem no último governo Divaldo Surruagy há mais de 20 anos, quando exatamente 14 deputados estaduais deixaram Maceió, às vésperas da eleição da mesa Diretora da Assembleia, e foram ao “confinamento” de um hotel de luxo na via costeira de Natal (RN).

Lá ficaram quase uma semana e só voltaram no dia eleição, direto para a escolha de um deles como presidente da Casa. Em meio a crise que viveu  e refém do grupo dos 14, o terceiro mandato de Suruagy ficou tragicamente pelo meio do caminho. Daquela época pelo menos dois têm mandatos hoje na Assembleia: Antonio Albuquerque e Francisco Tenório.

Renan Filho: rota de colisão com parlamentares

Mas, não foi apenas Suruagy que sentiu o peso do bloco político criado para determinar as regras do governo. Ronaldo Lessa passou pelo mesmo processo. E o modus operandi da eleição foi a mesma nos dois mandatos, com direito “ao confinamento” em hotel.

Lessa, que havia sido eleito com uma proposta progressista, ainda tentou se impor contra as vontades do grupo, mas logo teve que abandonar seu estilo e render-se. Selou a paz e governou sem maiores enfrentamentos com o parlamento. No entanto, sabe ele muito bem qual foi o preço.

Agora, o governador Renan Filho parece comprar uma briga com deputados que se uniram em bloco para eleger Marcelo Vitor, presidente da Assembleia. Nesse novo grupo estão os próprios companheiros de partido do governador, o que demonstra que a conduta e a fidelidade partidária se rendem sempre quando os interesses na política são inconfessáveis.

Sentindo-se traído, Renan Filho joga pesado e demite secretários (Melina Freitas e Fernando Pereira) e assessores de correligionários políticos e aliados, que haviam sido nomeados no primeiro mandato. O governador, segundo as informações, quer o tio, Olavo Calheiros, como futuro presidente da Assembléia.

O certo é que o recado enviado aos parlamentares, a partir das exonerações no Diário Oficial, não deve serenar os ânimos. Os parlamentares sabem o que querem e porquê.

Ademais, na cultura do grupo dos 14 quem pula fora do barco é considerado traidor. E neste caso aguente as consequências, pois há sempre alguém para lembrar isso a cada passo dado.

O triste de tudo é que a classe política reforça a tese de que a chamada “harmonia” dos poderes é uma balela fora de moda. Nos poderes há interesses e somente isso.

Ou seja, o governador quer o controle do parlamento aqui, assim como Jair Bolsonaro quer o controle do Congresso lá. É da política e não vai mudar. Quem controla, manda. Do contrário, não governa.

Nesse contexto, as dores de cabeça do governador estão só começando.