27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Depois de relevar pedofilia, Câmara pode trazer de volta fogueira das bruxas

Deputados decidem criminalizar institutos de pesquisas, mas rejeitam tipificar como crime hediondo a pedofilia no País

Na idade média: mulheres denunciadas como bruxas eram queimadas em fogueiras armadas em praça pública

Extremamente curioso e preocupante o Brasil desses tempos turvos no Congresso Nacional.

A Câmara dos Deputados se apressou para criminalizar os institutos de pesquisa de opinião pública, por que uma maioria parlamentar não concorda com os números da campanha presidencial.

Essa maioria tem um lado. Se os números fossem prós, eles, certamente, não seriam contra os institutos. Falou mais alto o jogo de interesses.

Mas, aí surge uma outra questão ainda mais polêmica de cunho muito mais dramático, no campo da dignidade humana e do assédio sexual que é a pedofilia – ou prática efetiva de atos sexuais com crianças.

Eis que no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),colocou para votação, em regime de urgência, o Projeto de Lei (PL) para criminalizar as pesquisas, a oposição propôs votar também o PL que torna a pedofilia um crime hediondo, como de fato o é.

E aí pasmem: 224 deputados da base aliada de Jair Bolsonaro se posicionaram contra a tipificar como crime hediondo a pedofilia. 135 parlamentares de oposição votaram a favor do PL e foram derrotados.

Certamente, os que derrubaram o projeto entenderam que não havia clima para dizer sim. Ou seja, disseram não por que não pintou o clima.

Para eles, as pesquisas que não favorecem ao candidato a presidência que apoiam são todas criminosas. E assim decidiram penalizar os institutos por 295 votos favoráveis a 120 contras.

Da bancada de Alagoas, apenas o deputado federal Paulão (PT) disse não a criminalização dos institutos. Assim como também defendeu a instituição de crime hediondo para os casos de pedofilia.

Quer dizer que defender crianças e adolescentes do assédio sexual de tarados inconsequentes, para essa gente é irrelevante.

Agora imagine o que está por vir com o Congresso eleito para 2023. O futuro tende a ser muito pior, de acordo com o perfil do parlamento recém-eleito em 2 de outubro.

Assim, quem sabe não vão trazer de volta a fogueira para queimar as bruxas?

Afinal, os defensores da bancada do tiro na cabecinha aumentou ainda mais.