A agricultura familiar no Brasil está perto do fim. Pelo menos se depender de Luiz Antônio Nabhan Garcia, atual Secretário Especial de Assuntos Fundiários do governo Bolsonaro.
Em entrevista à Veja ele disse que é contra o programa, mesmo sem conhecê-lo. “Agricultura familiar não é minha área”, diz.
Ele condenou a a existência do programa do governo federal (Pronaf) que destina R$ 20 bilhões ao ano para o financiamento da agricultura familiar.
Os dados do próprio governo revelam que a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam nas mesas dos brasileiros.
Nabhan Garcia é presidente licenciado da União Democrática Ruralista (UDR). “Democrática” só no nome. A UDR é a adversária número um do movimento dos sem terra. Prega a reação à bala ao movimento.
O novo secretário fundiário defende a imediata revisão da demarcação das terras indígenas e citou como exemplo a reserva de Raposa Serra do Sol, em Roraima. A área é disputada por grileiros, madeireiros e garimpeiros.
A praia de Nabhan é o agronegócio. Para ele, o setor tem que contar com a ajuda do governo, principalmente quando houver uma quebra de safra “por força maior”. O agronegócios trabalha com foco na exportação de sua produção.
Em sua entrevista, ele, que sonhava ser o ministro da agricultura, mas ficou com um cargo de segundo escalão, deixou claro que a ordem agora é endurecer no campo.
Ou seja: para os ruralistas alinhados, tudo. Para os projetos alternativos, nem o amparo da lei.
Tempos mais que sombrios.