5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lógica torta: vereador bolsonarista reforça que presidente comprou “vacinas que provocam AIDS”

Governador Renan Fillho desmentia a besteira hedionda contada por Jair Bolsonaro, quando Leonardo Dias surgiu em defesa de seu ídolo

Na live desta quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro resolveu soltar no ar a notícia de que totalmente vacinados estão contraindo AIDS mais rápido. E que não iria ler todo o conteúdo do jornal porque poderia ter “problemas”.

Independente de ter lido ou não, Facebook e Instagram derrubaram o vídeo de sua live, mas sua besteira já estava solta no ar.

E na ação frustrante que é ter que desmentir isso, vemos quem não passa pelo crivo da sensatez, como o vereador por Maceió Leonardo Dias (PSD), reforçou com orgulho que foi o presidente quem comprou essas vacinas:

Ele respondia Renan Filho (MDB), governador de Alagoas, filho do senador e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), que entre outros crimes, acusou o presidente Jair Bolsonaro de disseminar mentiras e desinformações durante esta pandemia.

De certo, temos prioridades a serem focadas no Brasil, como o desastre que foi a ação da Saúde na pandemia, corrupção disseminada, gastos com mamataria e as destruições disseminadas do meio ambiente, educação e economia nacional.

Está tudo errado! E assim como culpar os outros (governadores, prefeitos, ICMS, PT e “narrativas”) por tudo o que vem dando claramente errado é um caso clássico da desinformação disseminada desse governo, relacionar AIDS com as vacinas é mais uma coisa que não pode ser tratada como “é só cortina de fumaça” e fechar os olhos.

Ainda assim, é bom reforçar que a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) desmentiu a fala do presidente Jair Bolsonaro, que relacionou as vacinas contra Covid-19 ao vírus da imunodeficiência humana (HIV), e repudiou “toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”.

Mas vamos por partes, como o miolo fragmentado do presidente:

  • Disseminando fake news
    Metodologia padrão de desinformação: ler de forma torta apenas a manchete ou um parágrafo e soltar num ar um fiapo de informação, para dar a entender que o que fala é de forma geral. Pior: como é o presidente clamado por “só falar a verdade” e que muitos estão “fechados” com ele, esta informação fica difícil de derrubar;
  • Nem a família se salva
    Bolsonaro se orgulha em dizer que “não se vacinou e nem vai se vacinar“, logo essa ligação de AIDS e vacina o vindicaria da razão. Claro, isso ao custo de não só afirmar que mais da metade dos brasileiros estão em risco, mas até a própria mãe, esposa e filhos dele;
  • Bolsonaro comprou vacinas que provocam AIDS(?!)
    Relatando o óbvio, o governador de Alagoas reforça que as vacinas não provocam AIDS, pra imediatamente um vereador bolsonarista, de forma orgulhosa, dizer que foi ele quem comprou as vacinas. Quais ele comprou? As que recusou por 9 meses? As da propina? As que provocam AIDS? Resumindo: Bolsonaro quis ganhar dinheiro propinando vacinas que provocam AIDS na população?

Diga-se de passagem, a ressalva foi feita por um vereador fã e defensor do presidente, propositor do título de Cidadão Honorário de Maceió e que faz questão de tomar leite do mito direto do tonel. E é o único conforto que temos nesta situação bizarra e confusa pelo qual estamos passando: defender está cada vez mais difícil.

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Diante de mais esta mentira, o que temos aqui é uma boa e uma má notícia.

A boa é que fica cada vez menor o número de pessoas acreditam, relevam, passam pano ou ignoram estas mentira de Bolsonaro. E quem acredita, já pode ser descartada em diversos critérios. Seja um agente público, personalidade, vizinho, colega, amigo ou parente, a pessoa que corrobora com isso nunca mais será vista ao mesmo olhos. Simplesmente não dá.

A má notícia é que o presidente realmente relacionou vacinas com AIDS. E ainda tem quem acredite.