13 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

MPE/RJ: Queiroz pode ser indiciado mesmo sem prestar depoimento

Ex-assessor de Flávio faltou duas vezes à convocação de depoimento pelo MP sob alegação de problemas de saúde; Filho do Presidente também não compareceu

Queiroz e o patrão Flávio.

Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) pode ser denunciado mesmo sem depor. É o que afirma o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, responsável pelo inquérito que investiga o amigo do presidente Jair Bolsonaro por movimentações atípicas em uma de suas contas identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Quando questionado sobre o fato de Queiroz, por meio da sua defesa, ter oferecido laudos médicos que comprovam um tratamento de câncer na cidade de São Paulo, Gussem lembrou que “o MP pode, através das provas documentadas, chegar à conclusão de que é possível uma propositura penal, e aí ele vai ter que se explicar à Justiça”.

A previsão é de que as sessões de quimioterapia se estendam por seis meses. O ex-assessor de Flávio faltou duas vezes à convocação de depoimento pelo MP sob alegação de problemas de saúde.

Neste fim de semana, Queiroz viralizou ao aparecer dançando com a família no hospital. A defesa dele disse as imagens foram feitos “no raro momento de descontração na visita deles no Albert Einstein”.

https://www.youtube.com/watch?v=fRyUBQdl36g

Inquérito

No total, o MP-RJ instaurou 22 inquéritos criminais para esclarecer suposta participação de parlamentares e servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em movimentações bancárias não compatíveis com seus salários. De acordo com Gussem, quatro deputados se voluntariaram a prestar esclarecimentos.

Gussem negou que a ausência de Flávio Bolsonaro no depoimento marcado para o último dia 10 possa prejudicá-lo. “Os relatos contribuem mais para a versão deles do que para qualquer outra coisa. O caso do Flávio Bolsonaro caminha com a mesma velocidade dos demais. Obviamente, ganha mais projeção por ele ser senador e filho do presidente da República”, concluiu.

O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, não respondeu até o momento ao convite feito pelo MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio, para depor na quinta-feira, 10, sobre a investigação que o seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações atípicas num total de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. Uma das transferências, no valor de R$ 24.000, foi para uma conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O ex-assessor disse que esclarecerá “em breve” as movimentações atípicas em sua conta apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Mas não disse quando. E ainda inventou de reclamar por ser tratado como “o pior bandido do mundo”.

O ex-assessor afirmou que dará as explicações apenas ao MP “por respeito” ao órgão, mas não informou a data. “Vocês saberão. Vocês sempre sabem de tudo”. Então conta logo.

“Após a exposição de minha família e minha, como se eu fosse o pior bandido do mundo, fiquei muito mal de saúde e comecei a evacuar sangue. Fui até ao psiquiatra, pois vomitava muito e não conseguia dormir“, Fabrício Queiroz, que também é policial militar da reserva.

Presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu sua primeira entrevista, após a posse, ao SBT, nesta quinta-feira (3). E afirmou que a quebra de sigilo bancário do amigo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), foi ilegal.

“Quebraram o sigilo bancário dele sem autorização judicial. Cometeram um erro gravíssimo. E outra: a potencialização em cima dele e do meu filho foi para me atingir. Está mais do que claro isso daí também”. Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil.

O argumento de Jair é que outros movimentaram mais, mas “ninguém toca no assunto”. Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por movimentação de R$ 1,2 milhão em um período de 13 meses. Ele depositou inclusive R$ 24 mil na conta da primeira dama, a Dona Michelle. Apesar disso, Bolsonaro afirma que a exposição de seu nome foi um “absurdo”.

É completamente diferente do que ele falou, quando o caso veio a tona: “Não sou contra vazamento. Tem que vazar tudo mesmo. Nem devia ter nada reservado. Tem que botar tudo para fora e chegar à conclusão”. Temeu que algo fosse descoberto? Em um passado recente, vazamentos e até escutas ilegais derrubaram presidentes.

O presidente voltou a dizer que “se tiver algo errado, que pague a conta quem cometeu esse erro”. Mas contestou o valor apontado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras): “não são R$ 1,2 milhão, são 600 mil reais”, disse. “Ele responde por seus atos. Não tenho nada a ver com essa história”

A movimentação foi considerada atípica pelo Coaf, transferido do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em decreto publicado nesta quarta-feira. Vale acrescentar que o presidente do Conselho foi exonerado por Bolsonaro no mesmo dia.