28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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O sadismo do dia a dia é a ração que alimenta a violência

A violência é um monstro que se retroalimenta e fica cada vez mais forte. Infelizmente, com o aval de boa parte da população.

O sadismo dos que se sentem vitoriosos com massacres como o que ocorreu durante incursão nas comunidades Fallet-Fogueteiro e Coroa, na região central do Rio de Janeiro, na última sexta-feira, deixa isso bem claro.

Levantamento divulgado pela Agência Brasil revela que, no ano passado, foram registrados 1.532 casos de mortes decorrentes de intervenção policial na Cidade Maravilhosa. São 400 cadáveres a mais do que em 2017.

Daí, eu pergunto: resolveu o problema da violência no Rio de Janeiro? É claro que não!

Os mortos são substituídos por outros “recrutas” e a vida segue seu rumo. É como achar que apenas matando as formiguinhas e não agindo sobre o formigueiro, a infestação será debelada.

Mas, quem deveria estar atrás das grades, está no poder. Ou tem a proteção dele.

Basta apurar, por exemplo, as relações de uma família superpoderosa com milicianos no próprio Rio de Janeiro. Ou cobrar a apuração do assassinato brutal de Marielle, dar nome aos bois e revelar quais suas intenções.

Mas, estes, são aplaudidos e elevados à condição de seres míticos por uma massa de manobra sedenta por sangue.

Muitos dos que chegarem a este ponto do texto vão me taxar de comunista, defensor de bandido e outras baboseiras. São bestas quadradas incapazes de apoiar uma justiça que seja igual para todos, do preto e pobre ao mais rico.

Voltando ao assunto, a ação da semana passada, que deixou 13 mortos, mobilizou a Anistia Internacional, que cobra apuração rigorosa à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ).

Em nota, a instituição faz uma importante observação: a maior parte dos homicídios cometidos pela polícia não resulta em investigação e responsabilização.

Se depender do ilustre ministro da Justiça e seu pacote contra a violência, a coisa fica pior.

Sim, porque as medidas favorecem a violência, que não mata apenas banido. Atinge o inocente que, por falta de condição, é obrigado a morar no meio do fogo cruzado.