Qual o impacto do ciúme na sua vida?

Mulheres dos quatro cantos do país estão sendo convocadas  para responder a uma pesquisa sobre ciúme, um tema impactante na relação a dois (três, quatro, enfim…).  Registrada no Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências Humanas da UnB (Parecer nº 2.927.029), a pesquisa é coordenada pela psicóloga  Maisa Guimarães, doutoranda em Psicologia,  e o convite para participação está circulando nas redes sociais.

“Estou desenvolvendo uma pesquisa no campo da Psicologia com a proposta de compreender melhor sobre o ciúme e a experiência amorosa. Nesta primeira etapa da pesquisa, gostaria de conversar individualmente com mulheres, que mantenham relacionamentos heterossexuais e que identificam o ciúme como um fator presente e impactante em suas vivências pessoais e em suas experiências amorosas”, esclarece Maisa.

O sigilo e todos os cuidados éticos necessários, segundo a pesquisadora,  serão respeitados. “A ideia é  oferecer um espaço de fala em que você possa contar e refletir sobre suas histórias relacionadas ao ciúme, tanto se você se percebe como uma pessoa ciumenta quanto nos casos em que você se sinta afetada pelo ciúme de seu parceiro”, afirma a pesquisadora da UNB.

Ciúmes e violência

Os resultados da pesquisa da psicóloga Maísa vão ser importantes, sobretudo, para instituições que trabalham em defesa de mulheres vítimas de violência. Segundo o Ministério da Saúde, três em cada 10 mulheres que morreram no país por causas ligadas à violência já eram agredidas frequentemente.

Em Alagoas, o Centro de Defesa dos Direitos da Mulher, coordenado pela  advogada Paula Lopes, coleciona relatos e mais relatos de ciclos de violência que têm no ciúme o seu nascedouro.

“São situações de controle recorrentes, por exemplo:  ‘você não vai sair de casa porque vai se encontrar com aquelas amigas que não prestam; você não vai estudar, porque vai encontrar com os machos na escola; por que você está se arrumando, não é para mim’. É um tipo de violência invisível, que não deixa as marcas do espancamento ou do feminicídio”, lembra Paula.

Longe de ser o “tempero do amor” e de demonstração de insegurança, no contexto da violência doméstica, o ciúme é um instrumento de dominação do homem sobre a mulher. “Começa cedo, com o pai que não  permite a filha sair de casa à noite, ao contrário dos meninos, criados para serem livres. E continua com o namorado, marido ou companheiro que não deiza a mulher cortar o cabelo, define a roupa e o batom que ela vai usar”, acrescenta a coordenadora do CDDM.

Enfim,  em pleno século 21, ainda é preciso quebrar um ciclo invisível de dominação, que vem alimentando a violência de gênero há milênios e milênios. Por isso mesmo, o Blog Por Elas divulga aqui o link para quem desejar contribuir com a pesquisa da psicóloga Maísa Guimarães  (que pode ser contactada pelo email [email protected]).

E por falar em ciúmes, no final da década de noventa,  os roqueiros de o Ultraje a Rigor embalaram muita gente com uma canção que trata do assunto. O tempo passa e ainda tem muita gente “se mordendo” e mordendo por ai suas namoradas, esposas e companheiras.