28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Quando a farda da valorosa Polícia Militar vira escudo para criminosos

Dois principais suspeitos na morte da vereadora Marielle (RJ) e do motorista Anderson Pedro presos nesta terça-feira, 12. Dois militares.

Na reserva, Ronnie Lessa, de 48 anos, acusado de ser autor dos 13 disparos fatais. Élcio Vieira de Queiroz, 46 anos, estaria no volante do veículo de onde partiram os tiros.

Aquele, morador do condomínio de luxo onde mora o presidente da República. Nada mal para um ex-policial militar.

Dois exemplos de como a Polícia Militar, formada em sua grande maioria por valorosos servidores, precisa se livrar do joio. É vital para a sobrevivência da instituição e para que qualquer política de segurança pública tenha efeito.

E que mostra também a importância da existência e do respeito às leis, além do funcionamento saudável das instituições.

Mas tem uns trouxas que acham que a PM está acima de tudo e de todos. Basta ir às redes sociais para lermos absurdos. Gente que sequer lê as matérias de mortes provocadas por policiais ou esperam a conclusão das investigações para afirmar: “se morreu foi porque tinha culpa”. Ou seja, a vítima sempre “merece” morrer, militares são infalíveis.

Mesmo as mortes em confronto devem ser investigadas. O devido processo inocenta os bravos policiais, no entanto, é dor de cabeça para os maus policiais, aqueles criminosos que usam a farda como um escudo para cometer crimes confiantes na impunidade.

A tal “licença para matar” é o que fortalece a atuação dos Ronnies e Élcios da vida. Favorece as gangues fardadas e as milícias. Dá poder demais a criminosos infiltrados na polícia e gera situações estranhas.

Justifico: o miliciano suspeito de matar a vereadora carioca é vizinho do presidente da República; milicianos foram homenageados pelos filhos políticos do presidente; familiares de milicianos são contratados para atuar como assessores nos gabinetes dos bolsokids.

Agora, o pior de tudo: geralmente, essas pessoas poderosas e aclamadas pelas “pessoas de bem”, ou seja, cidadãos cuja moralidade reside nos genitais. Forma-se um ciclo podre de poder em torno de assassinatos e do terror.

Numa sociedade saudável, coisas que vemos no Brasil chocam. Fruto da ignorância e do analfabetismo político do nosso povo, que alguns querem perpetuar, por exemplo, por meio do incentivo à perseguição aos professores e de uma anacrônica caça aos comunistas.

Triste fim para um país que um dia sonhou em ser potência e hoje patina no obscurantismo.