27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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8 de janeiro: Uma gente perversa usando Deus, Pátria, Família, um lema histórico

Nada contra quem ama a Deus, a Pátria e a Família. Mas tudo contra quem – por ignorância, ódio ou má fé – atentou contra vida democrática

8 de janeiro de 2023: a tentativa de golpe contra a democracia para não esquecer jamais.

A democracia não se defende apenas da boca para fora. É preciso compromisso e firmeza. Principalmente por que, historicamente, as ameaças existentes são desafiadoras não apenas no Brasil, mas em toda parte.

Há uma onda crescente no mundo atual a arrotar ameaças contra a democracia em nome de um lema lançado pelo nazismo: “Deus, Pátria, Família”.

E o nazismo (para não esquecer jamais) perseguiu, jogou em campos de concentração e matou – até em câmaras de gás – 6 milhões de pessoas.

As vítimas foram pessoas que pensavam diferente da ideologia de Hitler, como políticos de oposição e judeus, no campo político; no âmbito dos costumes, foram assassinados testemunhas de jeová, ciganos e homossexuais; e em nome do preconceito, do capacitismo, foram mortos deficientes físicos e doentes mentais.

Há uma gente tosca e raivosa no mundo de hoje a repetir o lema “Deus, Pátria, Família” como um rito que brota do interior do ser, crente que é a salvação de tudo na vida. Trata-se de uma massa alucinada que só por mentalizar a tríade se sente perdoada dos pecados, trilhando o caminho do céu.

Para esse povo, tudo ao contrário é nocivo e merece ser extirpado. Ou seja, se a democracia não valoriza o lema também pode ser descartada. E aí não faltam atores oportunistas, como empresários, políticos e pseudos líderes religiosos, a alimentar essa massa circulante nas bolhas iguais e assim se aproveitar da ignorância alheia, para atingir objetivos de poder: econômico, financeiro e outros mais.

O Brasil está nessa onda de tristeza e por pouco a democracia não sucumbiu em 8 de janeiro do ano passado. Uma massa incitada pelos aproveitadores de plantão tentou destruir os três poderes da República, em nome de “Deus, Pátria, Família”.

As cenas de terror, registradas para a história, estão destacadas em documentário exibido neste domingo, 7, pela Globo News, falam por si só. Foram cenas operadas por ignorantes políticos, milicianos de balaclava, fanáticos religiosos e até policiais preparados para a operação de um golpe, todos em elevado estado de satisfação.

E assim vilipendiaram as instituições como a sede do Poder da República, o Congresso Nacional e, sobretudo, o Supremo Tribunal Federal. Essa gente foi usada politicamente por lideranças perversas e sem compromisso algum com a democracia, entre eles, militares de alta patente.

Felizmente, a democracia sobreviveu. O governo recém-empossado, então, prevaleceu com atos e atitudes de resistência legítima aos atentados ao estado de direito e aos atos antidemocráticos.

Nada contra quem ama a Deus, a Pátria e a Família. Mas tudo contra quem – por ignorância, ódio ou má fé – se achou no direito de perseguir a vida democrática, alimentando preconceitos de toda ordem para atingir objetivos nefastos.

Hoje, um ano depois, vale comemorar a vitória da democracia. Mas, sem esquecer de que há necessidade real de punição para os instigadores dos atentados golpistas contra as instituições.

Enfim, sem anistia para essa gente perversa!