25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro diz ser insignificante número de crianças mortas por Covid no Brasil

Presidente disse ainda desconhecer que crianças tenham até mesmo precisado de UTI e aproveitou para criticar Lula

Mesmo após mais de 620 mil mortos por Covid-19 no Brasil em uma pandemia que atravessa dois anos, o presidente Jair Bolsonaro segue fazendo pouco caso dos efeitos do novo coronavírus. E, pior, até minimiza o número de crianças brasileiras mortas pelo vírus.

Nesta manhã, em conversa com jornalistas em Eldorado, interior de SP, um dia após o enterro da mãe, Olinda, 94, Bolsonaro voltou a defender remédios sem eficácia contra o coronavírus e disse que as mortes de crianças pela doença foram insignificantes.

“Se você analisar, 2020, 2021, mesmo na crise da coronavírus, ninguém ouviu dizer que estava precisando de UTI infantil. Não teve. Não tivemos. Eu desconheço criança baixar no hospital. Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento, profundamente, tá. Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também”. Jair Bolsonaro, presidente.

Vale constar que acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro de 2021, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19 no país.

Não é a primeira vez que ele fez isso: em dezembro ele endossou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não considerar uma emergência a necessidade de vacinar crianças.

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Na ocasião, também disse que nenhuma criança tinha morrido de Covid-19. E que não vai vacinar a filha – ele também afirma não ter se vacinado, apesar de impor um sigilo de 100 anos e esconder seu cartão de vacinação.

“A vacina para crianças não é obrigatória. E tem que ser falado o quê por ocasião da vacinação? Quem for aplicar a vacina? Olha, tá aqui teu filho, de cinco anos de idade. Ele pode ter palpitação, dores no peito e falta de ar. Vai ser dito para ele, como está no despacho do Lewandowski”. Jair Bolsonaro.

Diesel e Lula

Atrás nas pesquisas para o ex-presidente Lula e derrotado em todos os cenários de segundo turno, Bolsonaro manteve um ritmo de campanha ao falar da PEC (proposta de emenda à Constituição) para autorizar a redução temporária de tributos sobre combustíveis.

Ele prometeu zerar o imposto federal do Diesel no Brasil, para assim agradar caminhoneiros, e conquistar alguns votos. Isso ele não falou diretamente, mas de Lula sim:

“Quando se fala ‘no meu governo se comia melhor’… O Lula governou sem teto de gastos. Podia gastar à vontade”. Jair Bolsonaro.

O presidente citou a corrupção na Petrobras no governo do adversário e disse que, se ele ganhasse, políticos como José Dirceu e José Genoino voltariam. Bolsonaro, no entanto, não teceu nenhum comentário sobre os “criminosos” de seu governo. Ele, na verdade, diz que em sua administração não há corrupção.

O presidente parou a entrevista para conversar com moradores e jogar na Mega Sena e retornou para Brasília.