26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Classe média empobrece e tem o menor patamar dos últimos 10 anos

Ministro Paulo Guedes chegou a reclamar em 2021 que a classe média brasileira comia demais

Ir às compras com frequência já não é mais possivel para a classe média brasileira

A classe média brasileira – renda familiar de R$ 2.971,37 a R$ 7.202,57 – empobreceu nos últimos anos e chega agora ao menor patamar  em mais de 10 anos, em relação ao total da população. Corresponde a 100 milhões de pessoas que já não podem mais viajar de avião, trocar de automóvel ou comprar aquele pacote na agência de turismo para ir à Europa.

Quem diz isso é o Instituto Locomotiva em estudos realizados com como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2011, os brasileiros de classe média correspondiam a 54% da população. Em 2020, esse índice chegava a 51%. Em 2021, caiu para 47%. Já a classe baixa subiu de 38%, em 2010, para 43% em 2020, chegando a 47% em 2021. Ou seja, o número de pessoas de classe média caiu de 105 milhões, em março de 2020 para 100,1 milhões, em março de 2021, um aumento de 4,9 milhões de brasileiros na classe baixa.

A classe média-alta das regiões metropolitanas também foi afetada, segundo a 6ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, publicada em janeiro. Conforme o estudo, a renda domiciliar per capita caiu para R$ 6.411, em média, no terceiro trimestre do ano anterior. O valor é 8% menor do que o verificado em igual trimestre de 2020 (R$ 6.967) nas regiões metropolitanas. A pesquisa é produzida em parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Observatório das Metrópoles e RedODSAL (Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina).

Classe média cada vez menor
Classe média cada vez menor(foto: Arte/CB)

 

Como o diabo gosta

A classe média, enfim, está agora como gosta o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em 2021 ele reclamou publicamente que a classe média comia demais e que isso não era aceitável no País que busca o desenvolvimento.

“Os pratos de um [membro de] classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos. E os nossos aqui, nós fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme”, disse.

As afirmações do ministro provocaram reação da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco). “Guedes novamente se posiciona de forma elitista ao falar que os brasileiros de classe média comem demais e as sobras de alimentos deveriam ser utilizadas para mitigar o problema da fome”, rebateu, em nota.

Só que, agora, forçada pela fragilidade da economia nacional que privilegia apenas os ricos e investidores do mercado financeiro, a classe média já não faz mais as feiras abastadas nos supermercados por que os preços estão pela hora da morte e os salários cada vez menores. Ou seja, lamentavelmente, está tudo como o diabo gosta. Ou, quem sabe, o ministro.

Com CB