30 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Regina Duarte diz que “homofobia de Bolsonaro é da boca pra fora”

Viver em 2018, mas com os valores de 1960 contra as minorias

Foi só anunciar apoio ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) que a atriz Regina Duarte ganhou 300 mil seguidores no Instagram, em apenas quatro dias. Ela tornou-se notória então por ser um dos raros nomes da classe artística a abraçar a candidatura bolsonarista. E não sem causar polêmica.

Regina disse interpretar as declarações consideradas homofóbicas e racistas do candidato como frutos de um homem com um “humor brincalhão típico dos anos 1950, que faz brincadeiras homofóbicas, mas que são da boca pra fora, coisas de uma cultura envelhecida, ultrapassada”.

Ela afirmou que ele tem “um jeito masculino, como meu pai, que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e que dizia que lugar de negro é na cozinha”.

Na verdade, moça, seu pai, Bolsonaro e você são homofóbicos. E racistas. A parte frustrante é que Monteiro Lobato morreu em 1948 e Bolsonaro ainda levaria alguns anos pra nascer, e o escritor já estava enterrado. Comparar a mentalidade do deputado militar com a de um escritor que nasceu 70 anos antes não tem nenhum sentido.

Diariamente convivemos com pessoas que tem esta linha de pensamento, que simplesmente não conseguem enxergar que nem todo mundo mora num apartamento de dois milhões, viaja direto pro exterior, não reconhece as dificuldades de outras classes e que tem ainda um pensamento deturpado sobre minorias.

Do quê adianta estarmos em 2018 se seus valores são de 1960?

Fake news

A namoradinha do Brasil, que parece viver um relacionamento abusivo, ainda fecha os olhos. “Quando souberam que ele ia se candidatar, começaram a editar todas as gravações e também a provocá-lo para que reagisse a seu estilo, que é brincalhão, machão”. Curiosamente, todas citações polêmicas dele, que não são aprovadas por ela, são fruto de conspiração, de fake news.

“Acredito que 80% dessas reações eram brincadeiras dele. O homem com quem conversei durante 65 minutos quer chegar lá democraticamente, seguindo todas as regras das nossas instituições. Ele não estudou filosofia, mas o importante é seu preparo para nos proteger da roubalheira descarada”. Sim: uma hora com um candidato que ela idolatra foi o suficiente.

Regina Duarte é o tipo de ser que sofreu uma doutrinação e lavagem cerebral tão forte nesta eleição, que ainda não percebeu, e talvez não vá, perceba o estrago que Bolsonaro pode fazer no Brasil. E isso por ela achar que tudo o que ele fala de ruim, é da boca pra fora.