25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado e os atiradores do clube de tiro criado pelo Gabiru e o Magistrado

O clube tinha como alvo uma criação de guinés

Guinés: alvos do clube de tiro do bar do Gabi

Sábado de aleluia, o Considerado se arrumou todo, colocou uma bota no estilo coturno e vestiu um colete à prova de bala por baixo da camisa. O ritmo acelerado do jovem chamou a atenção da vó, dona Nildinha, que, assustada, quis saber o que estava se passando.

Ele tentou embromar e a velha insistiu na informação. Principalmente por que os apetrechos usados sugeriam alguma coisa anormal na vida dele.

“Olha menino você tem que me dizer o que está acontecendo por que estou ficando assustada com essa vestimenta toda”, disse-lhe.

Considerado tentou tranquilizá-la dizendo que estava tudo bem e que não havia bronca nenhuma em sua vida.

Ela não acreditou: -Você não é militar para andar com colete à prova de bala e não me consta que seja um bandido miliciano…

Antes que a conversa fosse mais longe o rapaz contou que estava se preparando para ir a um treinamento em clube de tiro. -Clube de tiro? -Indagou Nildinha, logo acrescentando: -Que maluquice é essa agora?

Considerado percebeu que não sairia de casa sem dar as explicações necessárias. Até por que para praticar no clube teria que pagar pela arma e a munição. Ou seja, sem a ajuda da “vozinha”, nada feito.

-Olhe minha vó é um clube de tiro de uns amigos meus…

-Que amigos são esses, Considerado?

-A minha turma: O Davan Tonelada, o Papada, o Empreiteiro do Bill, o Delega, o Magistrado, o Batoré, o Pastor, o…

-Chega! Já conheço essas peças todas, menos esse Empreiteiro…

-É aquele rapaz que você viu lá na Barra de São Miguel, que tinha uma empreiteira na Bahia.

-Ah, tá gostei dele. Você precisa me apresentá-lo melhor…

-Que coisa feia vó, a senhora uma hora se agarra com Zé Fumacê, outra quer o Coleguinha. A senhora não tem mais idade pra isso.

-Saiba que ainda dou um caldo e muito bem. E esses dois aí que você falou, nem com Viagra do Exército.

Considerado tentou aproveitar o lado emocional da conversa para escapulir. Mas, não conseguiu enganar Nildinha que voltou ao tema principal:

-Olhe aqui menino, você conte logo que presepada é essa de Clube de Tiro.

-A questão vó é que o Tonelada disse que o Gabiru resolveu montar um clube no terreno ao lado do restaurante dele.

-Como assim, ao lado daquele bar que ele chama de restaurante?

-É que foi um pedido do magistrado.

-E sua excelência vai pra guerra da Ucrânia com vocês?

-Não. Mas ele gosta de armas e quer se aperfeiçoar.

-E vão atirar uns nos outros para você usar colete?

-O problema é que o Gabi chamou o delegado para ser o instrutor de tiro e o delega pediu pra gente usar o colete por via das dúvidas. Afinal no primeiro treino deu tudo errado.

-Meu Deus, o que houve? Alguém se feriu?

Não. O magistrado chamou o amigo dele, o Portuga, para participar na abertura, mas ele disse que já era especialista em mira, desde Angola, e que inclusive havia participado da luta da direita portuguesa contra a revolução dos cravos.

-Sim, mas e daí?

-Como o Portuga não foi, o Excelência chamou o Empreiteiro do Bill e o Fumacê. O do Bill fazendo charme disse que preferia tomar um vinho e o Fumaça chegou tão chapado que o delegado tomou a arma dele.

-Que coisa feia. Zé Fumacê entrou num estado de degradação. Já esse empreiteiro é luxo só. Mas por que deu errado no primeiro dia?

-O Gabiru querendo um novo cardápio no bar colocou uma criação de guinés como alvos do clube.

-Misericórdia, os bichinhos… Coisa ridícula.

-Pois é. O instrutor entregou a arma ao magistrado, mandou apontar, mirar e atirar: Tebei!

-E matou?

-Os guinés saíram em disparada na algazarra: Tô fraco, tô fraco, tô fraco…

-E quem foi que esse atirador ruim matou, Considerado?

-Ele matou foi um pé de mamão que estava há 50 metros dos guinés.