Nos quatro anos que passou no Palácio do Planalto, a família Bolsonaro foi a maior lobista pela liberação do mercado das armas no Brasil.
Defendiam a liberação da venda de armas para quem quisesse comprar. Pai e filhos estavam a todo o tempo defendendo o povo armado. Por quê?
Havia uma razão de ser para o lobby. O mercado das armas no mundo inteiro, tal como mercado dos medicamentos, é o maior do mundo. Por isso mesmo há uma particularidade comum aos dois: Pagam altas propinas aos seus intermediários. Mas, também matam.
Lá, no poder, a família ainda se dedicou efusivamente ao mercado do ouro e das pedras preciosas, bancando a invasão do garimpo ilegal nas terras indígenas na Amazônia. As mortes de índios e ambientalistas defensores da preservação das aldeias e contra o avanço dos grileiros também são realidades.
Agora, sem o controle das instituições do poder, o foco bolsonarista é outro. Trata-se dos empreendimentos imobiliários nas praias do País.
Esse é um sonho antigo de Flávio Bolsonaro que usou advogado para se apossar de uma mansão de R$ 10 milhões, em uma ilha de Agra dos Reis, no Rio de Janeiro, pertencente ao jogador da seleção brasileira, Richarlison. A briga está na justiça.
Não é por outra razão que o senador, chamado de “filho 01” pelo ex-presidente, é o relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que privatiza as praias brasileiras. Os interesses se somam.
É o tradicional e velho caso da raposa tomando conta do galinheiro.
A PEC, já aprovada na Câmara, é nociva exatamente por que sobrepõe o interesse privado ao público, favorece a privatização e o cercamento das praias, ameaça os ecossistemas costeiros, diminui a arrecadação da União e põe em risco a sobrevivência de povos e comunidades tradicionais, conforme relata o Serviço de Patrimônio da União (SPU)
E ante o argumento legítimo do SPU, o senador Flávio Bolsonaro reage descaradamente, expondo seu real interesse: – O Estado não é solução para nada, o Estado é problema, como é problema também essa burocracia”. Diz ele.
Ou seja, ele quer que as praias saiam da condição de terrenos de marinha e passem para as mãos dos abastados senhores do mercado imobiliário e dos outros tantos que já invadiram essas terras e que defendem as praias particulares.
É o olho grande da elite naquela história da “Cancun brasileira”. Alagoas, lamentavelmente, é um dos cenários para isso.
Tanto que Neymar, outro jogador de seleção, pretende privatizar praias na região de Maragogi, se a PEC bolsonarista passar no Senado.
O mercado imobiliário, assim como o de armas e medicamentos, envolve muito bilhões de reais. E, em nome dele, há gente que expulsa e mata nativos das terras que interessam.
Portanto, aproveite o sol, corra e vá tomar um banho de mar. Antes que lhe impeçam de chegar à praia.