26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Influente no Governo, Olavo de Carvalho duvida que a Terra gire ao redor do Sol

Segundo ele, não há provas de translação e ele “refuta” a teoria da relatividade de Albert Einstein

Filósofo de baixa categoria no YouTube (sem pleonasmo, pois uma coisa não anula a outra), Olavo de Carvalho, um dos gurus de Bolsonaro, tornou-se notório em 2005 ao agradar aqueles que, hoje, são seguidores de Bolsonaro. Suas “aulas” iam de filosofia a esoterismo, literatura, história até religião comparada.

Ele mora nos Estados Unidos e não coloca os pés no Brasil, já emplacou duas indicações de Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo nas Relações Exteriores e o colombiano Ricardo Vélez na Educação. Um considera o PT de “Partido Terrorista” e acha que a esquerda quer impedir o nascimento de Jesus. O outro acha que a ditadura deve ser comemorada e é contra uma suposta “doutrinação cientificista”.

Beato, ele já disse que a Pepsi é adoçada por células de fetos humanos e que o petróleo NÃO é um combustível fóssil. Já acusou o governo dos Estados Unidos e a família real inglesa de trabalhar em prol da islamização mundial. E o mais assustador de tudo é que Bolsonaro o considera uma boa fonte de informações, livre de fake news:

Formador de opinião, que de forma trágica ajudou a colocar Bolsonaro na presidência e ideologia de “nova era”, Carvalho tem ideias e teorias perigosas, que colocam em risco, sem exagero, a inteligência nacional.

“No fim do século passado, uma dupla de cientistas, Mitchelson e Morley, disse o seguinte: se de fato a Terra se move ao redor do Sol, então deve haver diferenças na velocidade da luz em vários pontos da Terra conforme as várias estações do ano. E eles mediram isso milhares e milhares de vezes e viram que não mudava nada. Então, das duas, uma. Ou a Terra não se move ou é preciso modificar a física inteira”. Filósofo Olavo de Carvalho.

Este homem é de maneira séria ouvida pelo presidente e pelo ministro. E isso é deprimente.

Cotado para Educação

Olavo de Carvalho chegou a dizer que o único posto que aceitaria no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), seria o de embaixador brasileiro em Washington, para “fazer dinheiro” para o Brasil.

Segundo Carvalho, antes de Bolsonaro ser eleito, o candidato do PSL tinha oferecido a ele os ministérios da Educação e da Cultura. Mas o escritor decidiu não aceitar por não conhecer o funcionamento, a estrutura e os funcionários das pastas.

“Eu conheço meus limites, não tenho uma grande capacidade administrativa de nada”, afirmou. “Eu sei o que tem que fazer, mas não consigo ficar pensando nisso todo dia.”

No entanto, acrescentou, se fosse convidado para assumir a Embaixada do Brasil em Washington, aceitaria, porque é uma responsabilidade que saberia cumprir e que “oferece a oportunidade de fazer algo real pelo Brasil sem ter que passar pelo filtro de resistência petista.”

“O que o Brasil mais precisaria é de dinheiro. E, como embaixador nos EUA, eu saberia fazer dinheiro. Eu peguei alguma prática desse negócio de comércio internacional no tempo em que morei na Romênia”, afirmou. Carvalho disse ainda que, como embaixador, teria “autoridade total” sobre os brasileiros locais e poderia “mandar embora qualquer um, pode mandar prender qualquer um”.

“É um reizinho”, completou.

Incesto

Durante a campanha, Carvalho acusou Haddad (PT) de incentivar incesto e pedofilia. E com mensagem compartilhada em massa por um dos filhos de Bolsonaro. “O sr. Haddad não é um excêntrico ou um imoralista. É, como o seu mestre Horkheimer e os demais frankfurtianos, um monstro de frieza e premeditação”. Este é o governo, senhores.