26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lira diz que “não há Impeachment sem votos no Plenário, mobilização de rua ou circunstâncias externas”

Atual presidente da Câmara afirma que vai lidar com os pedidos contra Bolsonaro como fez seu antecessor: “sou discípulo do Maia”

Se depender de Arthur Lira, o destino dos mais de 110 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro será o mesmo dado pelo seu antecessor, Rodrigo Maia: a gaveta da presidência do Congresso.

Ao menos, foi o que deu a entender o deputado alagoano, líder do centrão e forte aliado de Bolsonaro na Câmara – afinal, Lira foi o candidato do Executivo para ocupar a presidência do Congresso.

“Eu sou discípulo do Maia com relação a isso [pedidos de Impeachment]. O presidente da Câmara tem que ter um papel de neutralidade. Não posso pautar um pedido e achar que ele preenche os requisitos necessários para, depois, no Plenário, não ter votos, não ter mobilização de rua ou circunstâncias externas que mobilizem”. Arthur Lira, presidente do Congresso.

As declarações foram dadas no Canal Livre, da Band, na noite deste domingo. Na oportunidade, ele também fez pouco caso da CPI da Pandemia, assim com o fez na Jovem Pan, quando afirmou que ‘Congresso não é delegacia de polícia’:

“Eu sempre me postei contra a CPI, antes da eleição e depois dela. Nós não vencemos a pandemia, ainda estamos com ela em curso, não adianta fazer juízo de valor. Os nossos esforços deveriam ser para arrumar leitos, oxigênio, não deixar faltar insumos, correr atrás de vacina e mostrar ao mundo que o Brasil é um país importante e que passa por dificuldades”. Arthur Lira.

E se afastando do papel de “delegacia”, para se aproximar do de “defensor”, Lira fez questão de limpar a barra de Bolsonaro. Ao afirmar que a pandemia é um problema mundial, ele reconheceu que o Brasil cometeu erros, mas foi enfático ao dizer quem errou: “os governos, os prefeitos, todos cometeram. Meu discurso não foi um recado ao presidente da república”.

Lira, vale lembrar, está fora da linha de sucessão, pois é investigado por receber R$ 106 mil de propina do presidente da CBTU. E está em em relação benéfica com o presidente: os partidos do centrão receberam cargos de alto escalão e bilhões em emendas parlamentares para votar com o presidente. E enquanto este toma lá, da cá continuar, Bolsonaro seguirá intocável.

Mesmo assim, é bom lembrar: até o momento, quase 1500 pessoas e mais de 500 organizações já assinaram pedidos de impeachment. Foram enviados 116 documentos ao presidente da Câmara dos Deputados, sendo 64 pedidos originais, 7 aditamentos e 45 pedidos duplicados. Até agora, apenas 6 pedidos foram arquivados ou desconsiderados. Os outros 110 aguardam análise.