18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Mesmo corrupto, do centrão ou neonazista, Bolsonaro seguirá com apoio do eleitorado fiel

Presidente está em um tipo de pedestal e como o bom líder de uma seita, não há fatos suficiente contra a adoração que recebe

Nesta segunda (26), a deputada alemã neonazista Beatrix von Storch, vice-presidente do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para Alemanha), por acaso neta de um fiel ministro de Adolf Hitler, publicou sua foto ao lado do presidente Jair Bolsonaro. E o chefe do Executivo do Brasil estava sorridente, feliz como nunca na foto.

A atitude não é normal. Storch também compartilhou cliques com Bia Kicis, que defendeu a neonazi, e com o filho 03 Eduardo Bolsonaro, que na semana passada teve o Facebook bloqueado por simplesmente citar Adolf Hitler.

Somando essa visita com o costumaz discurso de ódio que o presidente e sua base aliada replica e aplica, antagonizando minorias (com ideologias racista, xenofóbica, e homofóbica), é até difícil negar que nosso governo esteja se aproximando do neonazismo.

Isso, por si só, deveria ser o prego no caixão de um governante. E não só durante sua presidência, também em toda sua vida púbica, Jair foi sempre isso: pragmatismo ignorante, ódio velado, centralizador de ideias e um mentiroso compulsivo.

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Mas, aparentemente, isso não vai mudar a opinião dos que estão “fechados” com Bolsonaro. Sua base fiel, na verdade, parece até apreciar isso. Não diretamente, mas de uma forma torta.

Não se enxergam como vilões, mas o protagonistas nesta história. E o Messias no comando tem passe livre para o que bem entender, seja atacando a democracia, sendo corrupto ou praticando genocídio.

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Eleito com mentiras (não havia “kit gay” e colégios que não conseguiam ensinar matemática básica não iriam “doutrinar mudança de sexo em crianças”), Bolsonaro governa dependendo delas.

Como segura a Bíblia para dizer que a verdade, Bolsonaro pode contar uma mentira atrás da outra, que todos vão engolindo. Nem para acreditarem que ele, assim como seus filhos, roubava o dinheiro de seus assessores. O que “todo mundo faz”.

Talvez nem queiram que seja mentira, afinal, todos sabiam que ele preferia um filho morto que gay, que tem apreciação por torturadores e que a única solução do país seria fechamento do Congresso e a deflagração de uma guerra civil com a morte de 30 mil inocentes.

Hoje, nossa democracia convive com constantes ameaças. Um golpe vai se tornando cada vez mais enfático, com a mentira da vez sendo a falta de comprovação de segurança das urnas eletrônicas. As mesmas que desde 1996 vem funcionando perfeitamente, sem nenhum indício de fraude, independente de quem esteja à frente do governo. Diferente do que aconteceu com o próprio Jair, em 1994.

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E não temos 30 mil mortos em uma literal guerra civil, mas vivemos uma pandemia terrível, com mais de 550 mil mortos. Uma situação completamente contornável, tivessem comprado vacinas na hora certa. Mas além de negar a pandemia, negaram os insumos. Brasileiros morreram sufocados enquanto o governo lucrava promovendo remédios que não funcionam ou vacinas com pitadas de propina.

Diante de todas essas denúncias, o presidente disse “caguei”.

E enquanto desobstruía o intestino, seus filhos 01 Flávio Bolsonaro e 03 Eduardo Bolsonaro, aprovavam, no senado e câmara, a LDO2021 com orçamento paralelo de R$ 11 bilhões (retirada indiscriminada de dinheiro dos ministérios para emendas parlamentares) e um absurdo aumento para R$ 5,7 bilhões do fundão eleitoral. Não só seus filhos, mas todos os seus líderes, aliados e chegados.

Base governista votou em peso por maiores gastos nas eleições e em “orçamento paralelo”

Eles tentaram negar, culparam a esquerda pelos valores absurdo, mas mesmo com todas as informações de que o voto contou com simpatia de Bia Kicis, Carla Zambelli, Marcos Feliciano, Osmar Terra ou Fernando Collor, até hoje negam que tinham a intenção de molhar os próprios bolsos em ano eleitoral. Por falta de melhor palavra, uma atitude safada.

Podendo evacuar novamente, Bolsonaro resolve dizer que esse tempo todo era do centrão. Que se formou nele e que continua nele. Apesar de dizer o contrário em sua campanha, onde claramente mentiu quando prometeu nomes técnicos em seus ministérios, e nada de toma lá, da cá com o Congresso. Os ministérios entregues de bandeja para estes deputados e o recuo em vetar o fundão eleitoral confirmam isso.

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Mas o gado fiel continua lá. Apoiando tudo o que seu presidente fala e faz. O que é terrível. Temos hoje um presidente que joga contra medidas sanitárias de combate a uma pandemia, prega o discurso de ódio contra minorias, emparelhou setores vitais, inflamou o desejo de retorno do militarismo, normalizou a corrupção sistêmica e recebe de braços abertos neonazistas.

São tantas coisas jogadas contra um governo de ataques contra opositores e imprensa, que não há outra maneira de sintetizar, ao seu estilo, o que são mais denúncias para alguém que até em Haia está sendo julgado por genocídio: a visita de uma neonazista foi, aos olhos de seu eleitorado, apenas um peido para quem já estava cagado.