26 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Cagando e andando, Bolsonaro marcha para sua ‘guerra civil de 30 mil mortos’

Não existe cortina de fumaça: racista, agressivo e inflamatório, presidente apenas vai cumprindo suas constantes ameaças

Nesta quinta (8), integrantes da CPI da Covid enviaram carta ao presidente Jair Bolsonaro com um pedido simples: para que ele confirme ou não se as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) são verdadeiras. O presidente então respondeu em sua live:

“Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada”. Jair Bolsonaro, presidente.

 

Além de mais um momento “tirem as crianças da sala, pois o presidente está falando”, esta é outro grave situação pela qual vive a instituição da democracia brasileira. Que, claramente, vive na iminência de declaração de golpe.

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Nesta mesma semana, as Forças Armadas, com integrantes que receberam aumentos salariais acima do teto e até de 69%, ameaçaram a Comissão que investiga a omissão e crimes cometidos pelo governo Bolsonaro. E não foi a primeira vez: o STF também já foi alvo. Ou seja, claramente, o Exército de Bolsonaro já escolheu um lado. Pior para os civis inocentes.

Desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente, Bolsonaro nem de longe tem o apoio de maioria da população. Ainda ao seu lado, apenas os fanáticos, os iludidos que votaram no cara honesto que é envolvido com milícias e roubava até 90% do salário de seus funcionários. Mas estes aliados preocupam.

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Se os generais do Exército tiverem a mesma competência de Pazuello, há um ressalvo de que não consigam levar para frente sua cruzada contra o “comunismo”. Mas nada impede que não tentem, independente das consequências.

Não são declarações antigas: ontem, no mesmo dia em que Bolsonaro “cagou”, ele literalmente ameaçou não realizar as eleições. Para ele, o sistema atual é fraudulento e Aécio Neves teria vencido Dilma em 2014. O próprio deputado federal desmentiu o presidente: a votação foi legítima e perdeu porque faltou voto.

O problema é que se as pessoas acreditam quando o presidente fala que um vírus contagioso não precisa de máscara nem vacina, imagina com outras acusações. Como a votação no Brasil, que não tem registro de fraudes desde que Bolsonaro foi eleito deputado com votos suspeitos, em 1994.

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As mentiras, ameaças e ofensas são incontáveis. Tanto se acumulam que é até difícil rebater. Na mesma live, ao lado do ministro astronauta (militar que teve aumento salarial de R$ 17,1 mil, totalizando agora R$ 56,4 mil), caçoou do cabelo Black Power de um apoiador negro, falando “olha o criador de baratas aqui, você não pode tomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos”. Bolsonaro caga pela boca também.

Mas ele tem apoio. Há um contingente preocupante de Policiais Militares que não se vacinaram. E ser antivacina é literalmente ser um bolsonarista. São agentes de seguranças armados, em todos os estados, que ficariam ao lado de Bolsonaro, e não dos governadores, em um golpe. Ou auto-golpe, já que seria declarado pelo atual presidente. Que nem eleição quer que tenha.

Não é e nunca foi por falta de aviso. Todos foram alertados sobre suas mentiras, distorções e exageros. O homem eleito em 2018 pelo kit-gay que nunca existiu, pela promessa de honestidade que nunca cumpriu e pelo discurso bíblico completamente incoerente (e pecaminoso), está prestes a cumprir sua mais antiga promessa de campanha: o fechamento do Congresso e guerra civil com a morte de pelo 30 mil inocentes.

Sem contar os mortes pela covid. Estes, na base da bala mesmo. Nunca foi cortina de fumaça.