28 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Mortes violentas sobem 7% neste semestre no Brasil

Mortes provocadas por policiais cresceram pelo sexto ano consecutivo e jovens negros são as maiores vítimas

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as mortes violentas diminuíram em 2019, mas aumentaram no primeiro semestre de 2020, marcado pela pandemia do novo coronavírus.

No ano passado, foram 47.773 pessoas assassinadas, contra 57.341 em 2018. Uma redução de 17,7%.Já nos primeiros seis meses deste ano, houve aumento nas mortes violentas: 25.712 pessoas foram mortas, registrando aumento de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

O anuário publicado hoje também mostra a preponderância do uso de armas de fogo nas mortes violentas no país. 72,5% das mortes foram causadas por armas de fogo, 19,3% por armas brancas e 8,2% por outros tipos de instrumento. 4O dado levanta novamente a discussão sobre o acesso às armas, posto que a flexibilização e maior permissão deste acesso é pauta prioritária do governo de Jair Bolsonaro

Os dados mostram o quanto o Brasil perdeu oportunidades de converter as quedas de 2018 e 2019 em uma tendência a permanente de redução de violência e da criminalidade.

Polícia

As mortes causadas por intervenção policial mantiveram tendência de aumento. Foram 6.357 homicídios por intervenções da polícia em 2019, o sexto ano consecutivo de crescimento neste dado.

As polícias brasileiras responderam naquele ano por 13,3% de todas as mortes violentas no país. Neste período, 172 policiais foram assassinados, sendo 62 em serviço e 110 fora de serviço.

Tanto nas vítimas da polícia quanto nos próprios policiais mortos o perfil majoritário é o mesmo: homens negros. A diferença fica na faixa etária. No caso das vítimas da polícia, 74,3% são jovens de até 29 anos; no caso dos policiais, 30,5% tinham entre 40 e 49 anos.

Nos números consolidados de mortes violentas em 2019, jovens negros também formam o perfil mais vulnerável. Entre as 47.773 pessoas assassinadas, mais de 35 mil (74,4%) eram negras e 24,3 mil tinha menos de 29 anos.