Por Laura Braga (Metrópoles)
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) passou a ser denunciada em várias cidades do Nordeste por estar impedindo eleitores contrários ao Presidente Jair Bolsonaro (PL) de chegarem até as seções eleitorais, neste domingo, 30.
Em várias rodovias, agentes da PRF resolveram bloquear a passagem dos ônibus vans com eleitores que se dirigiam para exercer o direito de voto.
Por meio de vídeos, divulgados nas redes sociais, pessoas denunciam mobilização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para que eleitores não votem no candidato Luiz Inácio Lula da Silva. O Nordeste é a região em que Lula tem a maior aceitação do eleitorado.
Entre os vídeos está um do prefeito de Cuité (PB), Charles Camaraense (Cidadania). De acordo com ele, agentes da corporação estão na entrada da cidade para impedir que a população vote.
Por causa da postagem de Camaraense no Twitter, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, pediu esclarecimentos imediatos à direção da PRF.
“Eu não quero acreditar que isso é uma ação orquestrada, para que o povo não possa vir votar. Mas está acontecendo nesse exato momento, em pleno dia de eleição, blitz da Polícia Rodoviária Federal aqui na entrada de Cuité, impedindo que algumas pessoas possam deixar de ir votar”, diz ele.
Ainda de acordo com o prefeito, ele recebeu denúncias de que a situação se repete em outros municípios dos país. Na cidade de Zé Doca, no Maranhão, também houve registro de viaturas da PRF, em uma rodovia.
Ninguém viu essa mobilização da PRF no primeiro turno! Em Zé Doca – MA, eleitores não estão conseguindo chegar ao seu local de votação! Quem estiver por lá, ajuda! #Eleicoes2022 #nordeste pic.twitter.com/QADKSYlbA5
— Lucas Rosa (@luscasrosa) October 30, 2022
Outros vídeos circulam na internet com pessoas denunciando que não estão conseguindo chegar aos seus locais de votação em diversas cidades do Nordeste devido a ações da PRF. Confira:
O ex-governador e senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino (PT), também denunciou por meio das redes sociais, situação semelhante. Segundo ele, recebeu “denúncia de blitz e apreensão de motos na zona rural de Caxias, efetuada pela Polícia Rodoviária Federal. Estamos fazendo a representação à Justiça Eleitoral para que apure a legalidade da operação policial”.
Mais cedo, a coligação Brasil da Esperança, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou uma manifestação ao TSE afirmando que teve conhecimento de operações conduzidas pela PRF – “principalmente na região Nordeste” – para supostamente impedir a circulação de veículos com eleitores do petista. “Ao que tudo indica, trata-se de uma ação dolosa e direcionada a beneficiar a candidatura do atual presidente da República”, disse a campanha de Lula.
O Metrópoles apura a situação junto a corporação. Até o momento, a PRF diz que ainda apura o que está acontecendo e não vai se posicionar por enquanto.
Operações proibidas
Após pedido do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF) façam operações que envolvam transporte público de eleitores neste domingo (30/10). Caso a decisão não seja obedecida, pode haver responsabilização criminal dos diretores-gerais das corporações.
Durante o sábado (29/10), o próprio Moraes pediu à PF e à PRF detalhes sobre as ações de combate a crimes eleitorais. E o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, preste esclarecimento sobre o uso das corporações em operações relacionadas às eleições às vésperas do segundo turno.
O objetivo de ambos é evitar que a locomoção de eleitores até às urnas, em transporte público pago ou não, seja impedida. Assim, seria evitado o uso político para beneficiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou de Jair Bolsonaro (PL).