Colocar as contas em dia, controlar os gastos com os cartões de crédito e ainda destinar uma parte do salário à poupança ou qualquer outro sistema de rendimento. Geral quer isso, claro, mas lá no Jacintinho, segundo bairro mais populoso de Maceió, o Projeto Mulungu está oferecendo a comunidade uma oportunidade concreta para quem quer fazer seu dinheiro suado esticar.
O curso “Aprenda a controlar suas finanças pessoais” começa neste sábado (14), às 16 horas, no Centro Comunitário Santo Antônio (quem sobe vindo do Poço, é a segunda esquina à esquerda, após a TV Ponta Verde, bem fácil). A essa altura do campeonato, as redes sociais da comunidade já deram conta de divulgar. Quem vai faltar uma aula sobre mágica para fazer dinheiro multiplicar?
Enfim, mas que uma postagem de divulgação de um curso, essa aqui é para contar um pouco da historia do Projeto Mulungu, cujo nome foi inspirado na árvore valente que refloresta as caatingas. É preciso mesmo uma energia especial para tirar flor no chão batido das vulnerabilidades.
O curso deste sábado, na verdade, é um desdobramento de ações que se iniciaram com a implantação de uma biblioteca para crianças e adultos da comunidade. Uma sala equipada com mesas, pufes, estantes e mais de 500 livros de diversos tipos: didáticos, literatura brasileira, infantis, gibis e de colorir.
E tudo isso surgiu quando os estudantes Rerisson Oliveira, Kelly Rodrigues, Amyson Jhonata, Darlany Nascimento e Arthur França, estudantes do 8º período do curso de Administração da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foram desafiados pelo professor Eugênio Gomes, da disciplina Gestão de Projetos, a criar e executar um projeto relevante e de impacto social. Sorte da comunidade do Jacintinho, que, segundo os estudantes, tem sido receptiva às atividades.
Fazendo a diferença
A iniciativa dos integrantes do Projeto Mulungu é um exemplo de como a sociedade também pode fazer a sua parte para concretização de direitos. Hoje, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, completa 28 anos de existência. Trata-se de uma das leis mais avançadas em nível mundial na defesa da infância e juventude, mas ainda bastante incompreendida pela população em geral, sobretudo, quando assunto é adolescente em conflito com a lei.
Evidentemente, não dá para entrar agora nesse assunto, que é bastante complexo e merece postagem à parte, mas vale uma provocação. Os meninos e meninas que vão parar nas unidades de internação, em sua maioria negros e pobres, só aparecem mesmo para a sociedade quando cometem um ato infracional. Isso é um fato.
Vamos combinar que investimento em educação e cultura é decisivo para transformar crianças, adolescentes e jovens “invisíveis”, em protagonistas de sua historia, exatamente como está escrito lá no ECA. O grande problema é a miopia dos governantes em relação às áreas que podem fazer a diferença. A Cultura, por exemplo, continua sendo a “prima pobre” dos orçamentos.
Recentemente, o Governo Temer, por meio da Medida Provisória 841, reduziu o percentual de participação do Fundo Nacional de Cultura na receita das loterias federais, que já era uma titica de galinha (3%) para 0,5%.Também ocorreu redução para a área esportiva, o que é outra atrocidade. Após a repercussão negativa, já há especulação de que o Governo Temer vai “voltar atrás”.
Em nota, o próprio ministro Cultura, Sérgio Sá Leitão, já havia chiado, lembrando que o combate à violência urbana não deve se dar em detrimento da cultura, mas também por meio da cultura, assim como do esporte e da promoção do desenvolvimento.
Voltando ao Projeto Mulungu (que é integrado por voluntários e não tem conotação político-partidária), mais informações sobre o curso e economia doméstica e sobre outras iniciativas em articulação com a comunidade podem ser obtidas pelos telefones: (82) 99625-6721/99650-1696/99178-2806. Ou no Facebook: https://www.facebook.com/projetomulungu e no Instagram: https://www.instagram.com/projetomulungu/